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Pontos críticos no controle microbiológico em plantas de incubação

O incubatório é um ambiente comum a toda produção de ovos férteis e uma fonte potencial de infecção para os pintinhos de um dia. A preocupação da indústria avícola em manter altos índices de produtividade exigiu a definição de ações preventivas para evitar a introdução e permanência de agentes patogênicos. Surgiram assim, os programas de biosseguridade e entre eles, os monitoramentos microbiológicos.

Controlar o estado sanitário de uma central de incubação significa conhecer e manter sob controle os tipos e a quantidade de microrganismos indesejáveis presentes neste ambiente. Os programas de monitoria sanitária são essenciais nos incubatórios, visto que a qualidade dos pintinhos no primeiro dia de idade e, consequentemente, seu desempenho zootécnico nos plantéis avícolas dependem destes procedimentos.

A condição sanitária de um incubatório depende não somente das medidas adotadas dentro da planta, mas também do controle dos planteis de reprodutores, do manejo de ovos até sua recepção no incubatório de aves, além de práticas de desinfecção das instalações e higiene dos funcionários.

No decorrer deste texto destacaremos alguns pontos que devem ser considerados para a construção de um bom controle sanitário, são eles:

Ovos embrionados e pintos de um dia

Perdas devido à morte embrionária, onfalites em pintos de um dia infectados por Escherichia coli e pneumonias causadas por Aspergillus sp ainda são comuns e oriundas, geralmente, da contaminação da casca dos ovos.

A responsabilidade da equipe de campo de realizar 10 a 12 coletas diárias de ovos nos galpões, atentar para a qualidade da cama e para o manejo de higienização dos ninhos são essenciais. Mas também é necessário sanitizar e classificar os ovos incubáveis para impedir que as bactérias presentes na casca adentrem o ovo e iniciem sua colonização.

Monitorias que podem ser aplicadas para controlar a qualidade dos ovos e embriões:

  • - Biologia molecular para monitoria de Mycoplasma, Salmonella, Laringotraqueíte em ovos frescos ou com 1 dia de incubação;

  • - Aglutinação da gema para pesquisa de anticorpos contra Mycoplasma e Salmonella de modo a termos maior segurança da incubação, eclosão e fornecimento dos pintos;

  • - Amostras de ovos bicados, usualmente realizadas em coletas oficiais, para análises bacteriológicas através de coletas, em idades específicas dos lotes de origem, de acordo com as definições do PNSA - Plano Nacional de Sanidade Avícola.

Para o controle da sanidade dos pintos de um dia, algumas monitorias também podem ser aplicadas:

  • - Exames sorológicos para monitoramento da passagem de anticorpos maternos para a progênie, utilizado para algumas enfermidades como Gumboro, Anemia, Reovírus, Doença de Newcastle etc.;

  • - Exames sorológicos para avaliar transmissão de doenças para a progênie, como MG, MS, Pulorose, Reticuloendoteliose etc.;

  • - Análises bacteriológicas e micológicas, como pesquisa de Salmonella, enterobactérias, APEC, Aspergillus etc., através do envio de pintinhos separados por lote de origem ao laboratório.

Ambiente e fluxo

O ambiente e seu ar são pontos decisórios na qualidade microbiológica. Por isso, tantos esforços são despendidos para o controle da presença, disseminação e multiplicação microbiana no ar, nas superfícies das instalações e dos equipamentos.

A temperatura e umidade exigidos no ambiente dos incubatório são ideais à sobrevivência de fungos e bactérias, que adentram as instalações através de ovos contaminados, resíduos e fômites, disseminando-se rapidamente para todo o ambiente caso não sejam adotados programas adequados de biosseguridade.

O planejamento do fluxo deve prover sentido único de passagem, não permitindo contrafluxo e cruzamento de materiais e pessoas entre os processos de incubação e nascimento. O respeito e adoção destes critérios residem no treinamento de funcionários, supervisão e sinalização.

  • Os monitoramentos ambientais mais aplicados são:

  • Avaliação do índice de contaminação microbiológica através da técnica da placa de sedimentação (exposição de placa), onde placas de Petri, contendo meios de cultura específicos para fungos e bactérias, são abertas e expostas ao ambiente por um tempo determinado (10 a 30 minutos) para que haja sedimentação de partículas. Em laboratório, após incubação em temperaturas específicas e tempo apropriado, as placas têm seu crescimento enumerado em Unidade Formadora de Colônia - UFC. Os pontos a serem amostrados devem estar relacionados direta (sala de classificação, corredores de trânsito, incubadoras, nascedouros, salas de pintos etc.) ou indiretamente (depósito de embalagem, sala de preparo de vacina etc.) ao processo produtivo no incubatório.

Os momentos de exposição sugeridos são: ambiente em uso para avaliação da carga microbiana presente no dia a dia e/ou ambiente após limpeza e desinfecção para avaliação da eficácia da higienização.

Em incubatórios, os índices de contaminação por bactérias e fungos, em placas de exposição, podem ser comparados com padrões de Sadler:

  • Chifonete/Suabes de superfície de instalações (teto, parede, piso, ralos etc.) pode ser aplicado em salas de ovos, incubadoras, nascedouros, corredores de trânsito, sala de pintos, sala de preparo de vacinas para pesquisa de Salmonella spp., geralmente utilizado para avaliar a eficiência dos processos de higienização e do uso de desinfetantes.

Maquinário e Equipamento

Assim como as instalações físicas, o maquinário e os equipamentos apresentam condições favoráveis à multiplicação microbiana em suas superfícies durante sua utilização, bem como nos resíduos ou penugem.

Medidas apropriadas de limpeza e desinfecção devem ser adotadas para que seja retirado o máximo possível do material residual, permitindo a ação germicida do desinfetante em sua plenitude. Deve-se buscar sempre maquinário e equipamentos que permita o mínimo de acúmulo de sujidades e máximo acesso para limpeza. Alguns equipamentos, como vacinadoras in ovo, requerem cuidados especiais devido ao contato muito próximo com os ovos e embriões.

O monitoramento é feito pelo método de exposição de placas e coletas de swab em pontos estratégicos para contagem de bactérias e pesquisa de Salmonella.

O “fluff test” é o teste sistemático de amostras de penugem e tem sido um bom método para indicar o grau de contaminação de locais com a presença desse resíduo. Através deste teste é possível o isolamento de vários microrganismos, dentre eles, a Salmonella.

Desinfetantes

Os desinfetantes ou biocidas são produtos químicos que agem diretamente sobre os microrganismos, causando sua inativação ou morte. Os diferentes tipos de desinfetantes disponíveis apresentam diferenças entre mecanismo de ação e espectro de atuação (bactericida, fungicida e viricida), além de cada formulação apresentar características próprias de compatibilidade, estabilidade, corrosividade e segurança.

A avaliação dos desinfetantes pode ser feita de diversas maneiras e metodologias, como: teste de eficácia frente a cepas-padrão, teste de eficácia frente a microrganismos autóctones e ensaio in company.

Estas avaliações são úteis para a seleção e aquisição de produtos mais adequados, com grau de diluição que apresentem boa relação custo-benefício e com eficácia comprovada frente a bactérias e fungos presentes no incubatório.

Água

Em incubatórios de aves a água é amplamente utilizada no funcionamento dos equipamentos, limpeza e desinfecção de toda a estrutura e materiais, aplicação de vacinas e consumo humano.

Análises bacteriológicas para pesquisa de coliformes totais, E. coli e aeróbios mesófilos devem ser realizadas em amostras de água destilada e água de abastecimento, assim como a última deve passar por análise das propriedades físico-químicas, periodicamente.

Resíduos

A produção de resíduos num incubatório é considerável e crítica, trata-se de material extremamente perecível, excelente substrato para microrganismos, podendo ser um foco de desafio dentro do incubatório.

Devido às características do material, pode ser utilizado para monitoramento de possível isolamento de vários microrganismos patógenos, dentre eles, a Salmonella.

Coletas periódicas de amostras de mecônio fazem parte do Plano Nacional de Sanidade Avícola – PNSA, e são utilizadas para pesquisa de bactérias e vírus.

Caminhões de transporte de ovos e pintos

Todos os cuidados de limpeza e desinfecção preconizados devem ser adotados para os caminhões de transporte de ovos e pintos, sendo indicada inclusive sua avaliação periódica dentro do programa de monitoramento sanitário do incubatório.

O monitoramento é realizado através de coleta de swab para pesquisa de Salmonella, mas também podem ser solicitadas outras análises bacteriológicas.

Pessoas

O bom desempenho da equipe resultará nos índices de qualidade e produtividade. Os gestores e toda a equipe devem ser selecionados de modo que tenham habilidades e atitudes condizentes às funções específicas de incubatório.

Treinamento, motivação e monitoramento, inclusive com coleta de amostras, são essenciais para boa condução.

As técnicas de monitoramento que podem ser utilizadas são: coleta de swab das mãos de funcionários para testar a carga bacteriana total (opcional: pesquisa de Salmonella), e assim fazer o acompanhamento e demonstração da higiene adequada; e exames de coprocultura com métodos especiais para pesquisa de Salmonella.

Enfim, o monitoramento microbiológico faz parte do controle de qualidade de um incubatório, tendo por finalidade avaliar a carga microbiológica dos ambientes, da superfície de seus equipamentos e dos ovos, a fim de averiguar se as medidas sanitárias adotadas estão sendo eficazes no controle destes microrganismos.

A interpretação desses resultados depende não apenas da detecção dos organismos, mas também da compreensão dos riscos associados a cada um deles para a saúde das aves e para a segurança dos produtos avícolas.

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Autora: Beatriz Silva Santos – Assistente técnica - Aves – Sudeste e Centro-oeste

 

Beatriz Silva Santos

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