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Como a Escherichia coli e demais bactérias resistem aos antibióticos?

A resistência bacteriana a antibióticos é alvo de pesquisas e debates há muitos anos tanto na medicina humana quanto animal, afinal ambas as vertentes compartilham drogas e patógenos em comuns na sua rotina. O uso indiscriminado destes antimicrobianos exerce uma pressão de seleção que favorece a ampliação da resistência bacteriana e muitos destes agentes possuem a capacidade de sobreviver mesmo quando os protocolos envolvem dosagens altas dessas substâncias.

A resistência aparece, sobretudo, em razão do surgimento de mutações no material genético das bactérias. Apesar de muitas destas mutações serem deletérias e causarem a morte destes indivíduos, por conta do número imensurável destes microrganismos vivendo no ambiente e hospedeiros, algumas bactérias sobrevivem e perpetuam estes novos genes adquiridos. Há de salientar que este processo, obviamente, é acelerado com o uso desordenado de antibióticos.

A Escherichia coli, por exemplo, bactéria causadora da colibacilose, é um dos patógenos que mais ocasiona perdas no processo produtivo, o que a torna uma das principais enfermidades da avicultura industrial. Devido à sua ampla distribuição no ambiente, esta bactéria tornou-se ao longo dos anos uma preocupação constante quando o assunto é resistência a antibióticos. Há um surgimento cada vez maior de desafios por E. coli MDR (Multiple drug resistance), onde este agente resiste a 3 ou mais classes de antimicrobianos, e de cepas com características de resistência cruzada, no qual todas as drogas de uma classe passam a ser inofensivas no tratamento. Isso faz com que pouquíssimas opções de tratamentos sejam eficazes de fato. Poucos são os produtores e veterinários envolvidos na produção avícola que já não passaram pela situação de ter que estender ou mudar um protocolo de tratamento em lotes de aves doentes por conta de respostas insatisfatórias.

Abaixo estão descritos quatro mecanismos bastante estudados de resistência bacteriana aos antimicrobianos e que podem estar operantes em cepas de Escherichia coli multirresistentes.

  1. Alteração do sítio de ação do antimicrobiano = importante mecanismo de resistência, principalmente frente às drogas do grupo dos β-lactâmicos. Há aqui uma alteração do alvo do antimicrobiano. Proteínas de ligação são produzidas pela bactéria para atuarem como novo alvo do antibiótico em substituição ao original, impedindo assim ação bactericida.
  2. Mudança de permeabilidade = a membrana celular externa de lipopolissacarídeos (LPS) das bactérias Gram-negativas tem a função de manutenção da integridade estrutural e proteção contra agentes, além de ser um importante ativador da resposta imunológica. Neste caso, as proteínas que possibilitam a entrada de substâncias no espaço intracelular, sofrem uma modificação na sua estrutura e tornam a membrana impermeável à entrada dos antibióticos.
  3. Mecanismo enzimático = mecanismo bastante comum e de notabilidade, conta com a ação de enzimas capazes de degradar o antimicrobiano. Estas enzimas são codificadas tanto no DNA cromossomal quanto em sítios extracromossômicos presentes nos plasmídeos.
  4. Sistema de efluxo = a bomba de efluxo é um sistema ativo de bombeamento dos antimicrobianos do meio intracelular para o extracelular. As tetraciclinas, por exemplo, são uma classe de drogas que tem sua ação bastante impactada por este mecanismo.

Figura 1: Principais mecanismos de resistência bacteriana aos antibióticos:

O acelerado surgimento e disseminação da resistência aos antibióticos são uma ameaça crescente à saúde dos animais e dos seres humanos. Seu uso, em vista disso, deve ser feito somente em situações em que o bem-estar animal esteja comprometido e seguindo indicações previstas nas bulas dos produtos e legislações sanitárias vigentes.

Claramente temos um ciclo vicioso neste preocupante cenário de multirresistência bacteriana. Com o surgimento de patógenos cada vez mais agressivos, ocasionando enfermidades clínicas mais severas, os protocolos terapêuticos se tornaram muito incisivos facilitando assim o aparecimento de cepas mais resistentes. Restringir o uso de antibióticos, seguramente é a coisa certa a se fazer, entretanto esta não é a única medida válida para frear a disseminação da resistência. Impedir que bactérias resistentes carreando genes de patogenicidade tenham vida longa no ambiente, requer da indústria, além da consciência no uso das drogas, medidas de higiene e manejo focadas em proporcionar um ambiente seguro e com baixo desafio para as aves, assim como o uso de produtos biológicos, no caso vacinas, para trabalhar a proteção destes animais do “bico para dentro”.

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Autor:

Antônio NetoM.V Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Antonio Neto

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