Biosseguridade, Frangos de Corte, Reprodutoras

Reovirose - conhecer o inimigo é a melhor maneira de enfrentá-lo.

A primeira detecção de Reovírus ocorreu em 1954 em casos de tenossinovite em um lote de frangos de corte com lesões nas articulações que não eram eliminadas com o uso de antibióticos (Kerr; Olson, 1964). No Brasil, o primeiro isolamento foi em frangos de corte com processos inflamatórios articulares (Bottino et al., 1975). Causada pelo mesmo agente, a síndrome da má absorção (SMA) foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil nos anos 70 (Van der Heide; Liitticken; Horzinek, 1981).

A transmissão desse agente pode acontecer por via horizontal e vertical. A via horizontal é muito importante nas 3 primeiras semanas de vida das aves, quando as aves são mais suscetíveis. Por isso, medidas de biosseguridade e altos níveis de anticorpos maternais são fundamentais para fornecer a proteção necessária nas primeiras semanas de vida dos pintinhos. O principal mecanismo de imunidade protetora contra o Reovírus é através da resposta imune humoral (Kibenge et al., 1987). 

De acordo com Gharaibeh et al., (2008) a taxa de transferência de anticorpos da matriz para progênie normalmente segue a tabela abaixo:

 

Legenda: AEV-Encefalomielite Aviária, AIV-Influenza Aviária, CAV-Anemia Infecciosa, IBV-Bronquite Infecciosa, IBDV-Doença de Gumboro, LTV-Laringotraqueíte, MG-Mycoplasma gallisepticum, MS-Mycoplasma synoviae, NDV-Doença de Newcastle, Reo-Reovírus.

 

O estudo traz que os títulos médios para Reovírus em análises sorológicas encontrados nas progênies são em média 32,8% dos encontrados nas reprodutoras de origem. Os níveis de anticorpos estão relacionados à cepa e a sua capacidade infectante; sua virulência - quanto mais virulento, maior a chance de desenvolver títulos altos de anticorpos e o tipo de vacina - vacinas inativadas estimulam uma alta produção de anticorpos.

O diagnóstico presuntivo da artrite viral é baseado nos sinais clínicos e lesões macroscópicas. Normalmente identifica-se edema unilateral ou bilateral na região proximal e distal à articulação tibiometatársica, líquido seroso amarelo claro entre os tendões, hemorragia nos tendões, fibrose e até ruptura em casos crônicos. Essas alterações conferem uma doença popularmente conhecida como “joelho verde” gerando um aspecto repugnante nas carcaças.

O exame histopatológico é fundamental para assegurar que a lesão é compatível com infecção viral. Os órgãos de eleição para essa análise são tendões e articulações, coração e intestinos.

Os métodos moleculares (RT-PCR) também podem ser utilizados para a detecção de Reovírus em tecidos infectados.

Existem 3 categorias de proteínas presentes na estrutura do vírus – denominadas lambda (λ), mi (μ) e sigma (σ). De acordo com De Carli et al. (2020), utilizando a metodologia de sequenciamento parcial do gene sigma (σ), as amostras de Reovírus podem ser agrupadas em cinco grupos genotípicos distintos denominados clusters:

 

 I – Vacina, Ia e Ib;

 II – IIa, IIb e IIc;

III;

IV – IVa e IVb;

V. 

Figura 1. Árvore filogenética de 468 cepas de Reovírus isoladas no Brasil com base na variabilidade da sequência σC. Os ramos representam a classificação de linhagem e as sub-linhagens são identificadas pelo nome.

Fonte: https://doi.org/10.1080/03079457.2020.1804528

 

De acordo com estudo epidemiológico realizado no Brasil por De Carli et al. (2020), avaliando 100 amostras positivas para Reovírus, isoladas de casos de tenossinovite, os clusters mais representados foram I: Ib (48,2%), II: IIb (22,2%), III (3,7%) e V (25,9%). Conclui-se que é de suma importância que cada empresa tenha conhecimento dos grupos genotípicos prevalentes na sua respectiva região, objetivando-se, dessa forma, uma proteção efetiva no frango de corte através da imunidade maternal.



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Autor:

Josias Rodrigo Vogt – Assistente Técnico | Zoetis – Aves

Josias Rodrigo Vogt

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