Frangos de Corte, Postura Comercial, Reprodutoras

Por que controlar a APEC se tornou tão difícil?

Atualmente, um dos maiores desafios na cadeia avícola é o controle efetivo de APEC (Avian Pathogenic E. coli). A utilização de moléculas de antibióticos, até então eficazes no controle da bactéria, já não possuem a mesma eficácia, o que é resultado de quadros de desenvolvimento de resistência em muitos isolados de APEC.

O ponto de partida para a compreensão do problema é que a infecção associada à APEC sempre foi vista como secundária a outros fatores predisponentes. No entanto, pesquisas demonstraram que a APEC pode também ser um patógeno primário. (Nolan et al., 2013); (Collingwood et al., 2014). 

As APECs são caracterizadas pela presença de plasmídeos muito grandes (por exemplo, ColV). Esses, por sua vez, possuem a capacidade de armazenar genes de resistência aos antibióticos. Estudos indicam que ocorre a transferência horizontal por conjugação destes plasmídeos de virulência entre as bactérias, fazendo com que uma E. coli comensal possa se tornar APEC rapidamente. (Johnson et al., 2007).

Transferência horizontal de plasmídeos entre bactérias.

Entre diferentes rotas para a disseminação de genes de resistência aos antibióticos, a transferência horizontal por conjugação é considerada o principal mecanismo. No entanto, relatos práticos relacionados à resistência a alguns antibióticos nunca utilizados, até o momento, nesses lotes de frango de corte, abrem margem para pesquisas relacionadas à possibilidade de transferência vertical de genes de resistência para APEC. 

A APEC possui alguns “mecanismos inteligentes” de sobrevivência e adaptação ao hospedeiro e ao meio ambiente, os quais possuem como objetivo “enganar o sistema imunológico”. Entre eles estão:

  • A capacidade de formação de biofilme (geralmente com outras bactérias como Pseudomonas);

  • Capacidade de migrar para locais em que o sistema imunológico é menos efetivo (medula óssea e articulações, por exemplo);

  • Sobrevivência à fagocitose através da formação de uma camada de ácido ciálico (carboidrato) e pequenas vesículas de ar ao redor da membrana plasmática.

Outro fator que favorece a permanência das APECs nos plantéis é a presença de infecções virais no trato respiratório (IBV, APV, DNC, etc.). Os mecanismos que correlacionam a maior suscetibilidade à infecção por APEC estão relacionados à replicação viral no trato respiratório superior. Esse quadro ocasiona a perda de cílios traqueais, prejudicando a função mucociliar e facilitando a fixação no trato respiratório das aves afetadas.

Contudo, uma ação necessária dos responsáveis pela sanidade dos plantéis é seguir a mesma estratégia utilizada para o controle de Salmonella. É necessário um levantamento epidemiológico de todas as etapas da cadeia avícola (matrizes, incubatório e frango de corte), utilizando técnicas modernas de sequenciamento genômico (MLST e Pentaplex), que facilitem a identificação das cepas e filogrupos mais prevalentes nas diferentes etapas da cadeia. Associado à redução gradativa da utilização de antibióticos (quando possível, evitar uso das mesmas classes nas diferentes etapas da cadeia), além de avaliar demais produtos e ferramentas alternativas para o controle da APEC. 

Recentes estudos avaliaram a utilização de protocolos de vacinação (vacina viva atenuada, vacina autógena e ambas associadas) frente a desafios por APEC em aves de vida longa. Essas ferramentas apresentaram sinergia de proteção na redução de escores de lesão nas aves vacinadas em relação ao grupo controle. (Koutsianos et al., 2020).

Para fazer um comparativo, quando empresas iniciaram o movimento de retirada dos antibióticos promotores de crescimento, no primeiro momento, esperava-se encontrar um produto “bala de prata” para o controle do problema. Aos poucos, concluiu-se ser necessário avaliar e utilizar diferentes ferramentas preventivas de forma integrada, e não como concorrentes. Acredita-se que para o controle de APEC o caminho seja muito semelhante.

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Autor:

Josias Rodrigo Vogt – Assistente Técnico | Zoetis – Aves

Josias Rodrigo Vogt

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