Cães, Imunização

DIAGNÓSTICO DRIC

A doença respiratória infecciosa canina (DRIC) é uma doença de elevada morbidade e transmissibilidade. Diante de um quadro de DRIC, sabemos que a principal razão para uma consulta veterinária é sem dúvida a tosse, geralmente alta, persistente, observada por alguns dias e que pode ser exacerbada com exercícios. Bastante característica, é descrita por alguns como um som de “buzina” e pode ser provocada ao manipular a traqueia ou simplesmente tensionar a coleira. Embora a tosse seja um achado clínico consistente, não pode ser utilizada como diagnóstico definitivo para a DRIC, pois o envolvimento de agentes virais e bacterianos, agindo de forma isolada ou em sinergismo, pode trazer ainda outras manifestações clínicas além de termos a possibilidade de estarmos diante de doenças não infecciosas que cursam com um quadro semelhante. Diante desses fatos, como devemos realizar o diagnóstico da DRIC?

Sabemos que o diagnóstico na maioria dos casos é clínico, baseando-se no histórico dos pacientes, que relatam exposição recente a cães tossindo (muitas vezes durante idas a parques ou pets shops), nos sinais clínicos apresentados (tosse) e na resposta ao tratamento empírico, uma vez que a confirmação do agente etiológico nem sempre é possível em razão da rápida manifestação clínica e do tempo necessário para isolar os microorganismos.  Idade e estado vacinal também são informações importantes que nos direcionam para o diagnóstico da DRIC, embora um animal vacinado com sinais respiratórios característicos não exclui o diagnóstico, uma vez que as vacinas disponíveis (parainfluenza, adenovirose respiratória e B. bronchiseptica) não promovem imunidade estéril e desempenham um papel auxiliar na prevenção da doença clínica.

A realização de exames hematológicos e bioquímicos não servem como ferramentas para o diagnóstico da DRIC, determinando apenas o estado de saúde do paciente. Um leucograma de estresse caracterizado por neutrofilia, linfopenia e eosinopenia podem ser observados em cães com doença respiratória infecciosa canina não complicada; por sua vez um leucograma inflamatório com marcante leucocitose ou desvio a esquerda acompanhado de febre pode nos indicar uma infecção bacteriana secundária e pneumonia.

Radiografias cervical e pulmonar podem ser realizadas, normalmente não apresentando relevância para o diagnóstico, mas contribuindo como ferramentas importantes no diagnóstico diferencial (corpo estranho traqueal ou estenose/colapso de traqueia por exemplo).  Radiografia evidenciando consolidação em lobo pulmonar pode ser observada em animais com pneumonia associada ao vírus da influenza canina e também em cães co-infectados com B. bronchiseptica e o vírus da parainfluenza.

Exames para identificação do agente são interessantes para entender os patógenos mais importantes numa determinada região, muito embora não tenham impacto sobre o tratamento a ser realizado. Nesses casos PCR de swab nasofaríngeo é o exame a ser feito, lembrando sempre da necessidade da realização de testes individuais para cada um dos patógenos envolvidos na DRIC. Se cinomose for uma preocupação, pesquisa de corpúsculos de Lentz em hemograma, PCR e testes sorológicos devem ser realizados.

Em resumo, pacientes com um quadro respiratório não complicado costumam ser tratados empiricamente, após a realização de exames complementares (hematológicos e de imagem) auxiliares na determinação do estado de saúde do paciente e exclusão de outras causas, sendo os tutores orientados a retornar ao médico veterinário caso a tosse persista por mais de 7 dias ou caso sinais clínicos adicionais venham a aparecer.