Cães, Imunização

Cinomose: o que você precisa saber para um diagnóstico assertivo e eficiente.

A cinomose canina é causada por um vírus envelopado (CDV), que contém RNA como material genético e causa infecção em uma série de mamíferos, incluindo o cão doméstico. O CDV pertence ao gênero Morbilivirus, da família Paramyxoviridae, sendo próximo filogeneticamente ao vírus do sarampo humano. A cinomose é uma das doenças infecciosas mais relevantes na clínica de animais domésticos e é potencialmente fatal.

Quadro clínico – identificando os sintomas

É possível diagnosticar a cinomose por meio de sintomas e achados de exame físico-respiratórios.

Fase inicial da infecção: (tosse, espirros, secreção nasal), oculares (secreção mucopurulenta, congestão), gastrointestinais (diarreia em particular) e cutâneos (hiperqueratose de coxins digitais), além de febre, são comumente observados nas fases iniciais da infecção pelo vírus. 

Sintomas tardios: sintomas neurológicos tendem a se desenvolver em geral 1 a 3 semanas após a recuperação da doença sistêmica. Todavia, não há parâmetros clínicos ou laboratoriais capazes de prever se um animal desenvolverá ou não a fase neurológica da doença. Os sintomas dependem das porções do sistema nervoso central ou periférico acometidas, sendo as mais comuns convulsões, sinais cerebelares, ataxia, paresias e mioclonias. O RNA do vírus da cinomose tem sido identificado em alguns casos de osteodistrofia hipertrófica em cães, mas não se sabe se o vírus efetivamente está relacionado ao desenvolvimento da doença. 

Testes e exames – como diagnosticar

Hemograma: nos testes sanguíneos, a linfopenia causada por depleção linfoide é o principal achado. Leucocitose por neutrofilia pode ser observada diante de infecções bacterianas secundárias ou em decorrência do processo inflamatório crônico. Contudo, animais vacinados podem apresentar inclusões por período incerto, da mesma forma que animais infectados ainda sem sintomatologia clínica. Trombocitopenia também pode ocorrer em alguns casos de cinomose.

Testes rápidos: atualmente, existem testes de Elisa ou imunocromatográficos para detecção de antígenos ou anticorpos do CDV em amostras de sangue, plasma ou líquor. Os testes que detectam anticorpos são semiquantitativos e não diferenciam, em geral, imunoglobulinas M e G, razão pela qual animais vacinados podem ter resultados positivos. Sendo assim, a sua utilidade diagnóstica é limitada na maioria dos casos. Os testes que detectam antígenos, por sua vez, são mais úteis, uma vez que indicam presença do vírus no organismo. A influência da vacinação recente também deve ser considerada na interpretação dos resultados.

Sorodiagnóstico: a detecção de anticorpos dos tipos IgM ou IgG pode ser útil como apoio à confirmação da doença, embora não seja feita rotineiramente. Títulos elevados de IgM são esperados após infecção natural ou vacinação recente (em especial a primovacinação). Desta forma, títulos altos de IgM em um animal sem histórico de vacinação e com quadro clínico compatível são diagnósticos. A vacinação pode complicar sobremaneira a interpretação dos testes de sorodiagnóstico à base de IgM.

Imunocitologia pode ser feita a pesquisa de antígenos do vírus da cinomose em amostras obtidas de conjuntiva ocular, líquor, sangue, sedimento urinário, epitélios respiratórios e cutâneos. Nestes casos, um anticorpo fluorescente é utilizado para sinalizar a presença do antígeno, e a sensibilidade da técnica pode variar conforme a fase da doença e amostra. A vacinação pode levar a resultados falso-positivos, mas se desconhece o seu real impacto no diagnóstico.

Reação em cadeia da polimerase (PCR): como o vírus da cinomose é um RNA vírus, utiliza-se uma técnica de RT-PCR para a obtenção de fitas de DNA que são posteriormente amplificadas. A maioria dos testes detecta o gene que codifica a proteína nucleocapsídeo do vírus. Recomenda-se tentar o isolamento de material genético viral no maior número de amostras possível: sangue, urina, secreções conjuntivais, nasais e líquor. Em estudo, swabs conjuntivais representaram as amostras onde o maior número de animais mostrou-se positivo. Todas as vacinas vivas podem ter a cepa do vírus da cinomose detectada, uma vez que possuem agentes inteiros atenuados em sua formulação; as vacinas recombinantes, em princípio, estão livres desta detecção. Uma possibilidade para diferenciar vacinação de doença seria o emprego de técnicas de RT-PCR diferentes capazes de distinguir cepas vacinais das de campo. A realização de testes pareados quantificando a carga viral em momentos distintos da infecção também seria uma opção útil. Todavia, estudos específicos são requeridos nessa área.


A cinomose infecciosa é uma das doenças infecciosas mais importantes da clínica de animais de companhia, e pode ser prevenida com Vanguard Plus ® e Vanguard® HTLP 5/CV-L. Entender a possível influência de vacinações nos resultados de exames complementares diante de suspeita de doenças é essencial para a interpretação clínica correta.

***Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.