Cães

Cinomose Canina: Descobertas Clínicas

A Cinomose canina é uma doença infectocontagiosa que afeta cães, principalmente os filhotes, causada por um vírus da família Paramyxovirus, do gênero Morbilivírus. Ela é perigosa por ser muito contagiosa e costuma infectar os cães que ainda não terminaram o esquema vacinal ou que não costumam receber o reforço anual da vacina múltipla (V8, V10 ou V11).

Agente

O vírus da Cinomose canina (CDV) induz a doença predominantemente em carnívoros terrestres, mas muitas outras espécies, como focas, furões, gamas, texugos e botos já foram infectadas pelo CDV ou por outros Morbilivírus relacionados. A virulência das cepas de CDV podem variar por linhagem genética. O vírus se reproduz em tecidos linfoides, nervosos e epiteliais e é eliminado nos exsudatos respiratórios, fezes, saliva, urina e exsudatos da conjuntiva por até 60 a 90 dias após a infecção natural. Após a inalação, o vírus é absorvido por macrófagos e dentro de 24 horas é conduzido pelos vasos linfáticos para os nódulos linfáticos bronquiais, da faringe e das amídalas, onde a replicação ocorre. O sistema nervoso central (SNC) e os tecidos epiteliais são infectados aproximadamente 8 a 9 dias após a infecção inicial.

O grau da doença clínica e os tecidos envolvidos variam dependendo da cepa do vírus e do estado imunológico do hospedeiro. Cães não imunes de quaisquer idades são suscetíveis, mas a doença é mais comum em filhotes entre 3 e 6 meses de idade. Estima-se que 25% a 75% dos cães suscetíveis são infectados de forma subclínica após a exposição.

Descobertas clínicas

Diversos cães clinicamente afetados não são vacinados, falharam em receber colostro de uma cadela imune, foram vacinados de forma inapropriada ou são imunossuprimidos e também apresentam um histórico de exposição a animais infectados.

Os donos geralmente apresentam cães infectados para avaliação de depressão, indisposição, descarga óculo-nasal, tosse, vômito, diarreia ou sinais no SNC. Cães com respostas imunológicas insatisfatórias geralmente apresentam os sinais mais intensos e progridem rapidamente para uma doença potencialmente fatal. Alguns cães parcialmente imunes somente apresentam doença respiratória leve, presumidamente diagnosticada como complexo da doença respiratória infecciosa canina. Aumento das amídalas, febre e descarga ocular mucopurulenta são achados comuns no exame físico. Sons bronquiais aumentados, crepitações e sibilos são geralmente auscultados em cães com broncopneumonia. Hiperestesia, convulsões, doença cerebelar ou vestibular, paresia e mioclonias são sinais comuns do SNC que geralmente se desenvolvem dentro de 21 dias da recuperação de uma doença sistêmica.

A doença do SNC é geralmente progressiva e carrega um prognóstico mau; pode desenvolver-se em alguns cães que nunca tiveram sinais sistêmicos de doença reconhecidos. A encefalite de cão idoso é uma panencefalite progressiva crônica em cães com mais de 6 anos que é considerada como sendo atribuível à infecção por CDV em que a proliferação microglial e a degeneração neuronal no córtex cerebral resultam em depressão, andar em círculos, pressão da cabeça e deficiências visuais.

As anormalidades oculares associadas à infecção pelo CDV incluem uveíte anterior, neurite óptica com resultante cegueira e pupilas dilatadas, e retinocoroidite. A combinação da retinocoroidite e encefalite é detectada em aproximadamente 40% dos cães afetados. Ceratoconjuntivite seca e cicatrizes hiper-reflectivas na retina chamadas de “lesões em medalhão” ocorrem em alguns cães com infecção crônica.

Outras síndromes menos comuns têm sido atribuídas à infecção pelo CDV. Cães infectados antes do desenvolvimento da dentição permanente, normalmente têm hipoplasia do esmalte. Hiperqueratose do nariz e coxins e dermatite pustulosa são as anormalidades dermatológicas mais comuns. Filhotes infectados de forma transplacentária podem nascer mortos, serem abortados ou nascer com doença do SNC.

Avaliação diagnóstica 

A combinação de achados clínicos e avaliação clínicopatológica/achados radiográficos de rotina geralmente leva a um diagnóstico presuntivo de infecção por CDV. Linfopenia e trombocitopenia leve são anormalidades hematológicas consistentes. Infiltrados pulmonares intersticiais e alveolares são achados radiológicos comuns em cães com doenças respiratórias. Apesar de alguns cães com infecção do SNC apresentarem análises de líquor normais, a maioria tem pleocitose celular mononuclear e concentrações elevadas de proteína. A proporção de IgG no soro ou líquor/albumina é geralmente elevada em cães com encefalite, mas isto apenas documenta a inflamação do sistema nervoso central, não infecção pelo CDV.

A titulação de anticorpos séricos no líquor pode ajudar no diagnóstico de infecção por CDV. A documentação de um aumento de quatro vezes na titulação de IgG no soro durante um período de 2 a 3 semanas ou detecção de anticorpos IgM no soro é consistente com infecção recente ou vacinação recente, mas não prova doença clínica. As titulações de anticorpos para CDV no líquor são aumentadas em alguns cães com encefalite. Resultados falso-positivos podem ocorrer em amostras de líquor contaminadas com sangue. Se as titulações de anticorpos no líquor forem maiores que aquelas no soro, significa que o anticorpo no líquor teve que ser produzido localmente, sendo o achado consistente com a infecção do SNC por CDV. Se concentrações aumentadas de proteína no líquor, pleocitose mononuclear e anticorpos contra CDV são detectados numa amostra de líquor não contaminada com sangue periférico, o diagnóstico presuntivo de encefalite por CDV pode ser feito.

O diagnóstico definitivo da infecção por CDV exige a demonstração de inclusões virais por exame citológico, a detecção direta de anticorpos fluorescentes em amostras citológicas ou histopatológicas, avaliação histopatológica, isolamento do vírus ou documentação de RNA do vírus via RT-PCR no sangue periférico, líquor ou extratos conjuntivais. Inclusões virais são raramente encontradas em eritrócitos, leucócitos, e precursores de leucócitos de cães infectados. Inclusões são geralmente presentes por apenas 2-9 dias após a infecção e, portanto, muitas vezes não estão presentes quando ocorrem sinais clínicos. Inclusões podem ser mais fáceis de encontrar nos esfregaços feitos a partir de camadas leucoplaquetárias ou aspirados de medula óssea do que em aqueles feitos a partir do sangue periférico. As partículas virais podem ser detectadas por imunofluorescência em células de amídalas, trato respiratório, trato urinário, extratos conjuntivais e líquor durante 5 a 21 dias após a infecção. A administração de vacinas contendo CDV vivo modificado pode levar a resultados positivos em ensaios de detecção direta de anticorpos fluorescentes e alguns ensaios de RT-PCR.

É possível diferenciar cepas selvagens e cepas de vacinas de CDV por RT-PCR; veterinários devem perguntar ao laboratório de serviço preferido se o ensaio a ser utilizado pode proporcionar essa discriminação (Yi et al, 2012). Resultados falso-positivos foram detectados ocasionalmente em ensaios de detecção direta de anticorpos fluorescentes realizados em células da conjuntiva de filhotes “specific pathogen-free”, por isso os resultados desses testes devem ser interpretados com cautela (Burton et al, 2007).

É importante conscientizar os tutores de cães e gatos sobre os objetivos esperados para cada uma das vacinas aplicadas. Essa prática traz mais clareza de comunicação, o que contribui para gerenciar as expectativas dos tutores e manejar potenciais problemas ocorridos após a vacinação.

Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.

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