Cães

COMO LIDAR COM OS TUTORES CUJO CÃO TESTA POSITIVO PARA DIROFILARIOSE?

Meu paciente testou positivo para Dirofilaria. immits e agora?

Sem dúvidas existe um momento de tensão muito grande enquanto aguardamos o resultado do teste diagnóstico da dirofilariose. Nós veterinários torcemos sempre para que seja negativo, pois sabemos que é uma infecção de cura lenta, com tratamento difícil para o cão e custoso para seu tutor.

Portanto, sabemos que a melhor forma de lidar com esta situação é evitando com que ela ocorra!

Mas como podemos garantir isso?

Quando investimos nosso tempo explicando aos nossos clientes desde a consulta pediátrica sobre os malefícios que o verme adulto pode causar no coração, vasos e diversos órgãos dos seus cães e gatos, provavelmente a prevenção deste paciente será feita com mais afinco.

Essa comunicação é de extrema importância, pois o cliente precisa estar ciente de que esta é a melhor forma de garantir a saúde do seu amigo de quatro patas. Ainda mais hoje em dia que o mercado veterinário possui tantos produtos de alta eficácia focados neste objetivo.

Seja com pipetas, comprimidos mensais ou injeção anual*, o importante é iniciar o preventivo antes dos dois meses de vida do pet, para evitar que o verme chegue na fase de adulto imaturo (L5), onde as lactonas macrocíclicas não impedem mais a sua maturação e  chegada aos vasos do coração.

Quando isto ocorre, apenas o tratamento será capaz de resolver o problema. Explicar ao tutor a abordagem terapêutica detalhadamente é o primeiro passo para que possamos contar com a sua colaboração por uns bons meses, até que o tratamento e a prevenção de novos vermes sejam efetivos.

Um estudo publicado recentemente mostrou a eficácia do uso do ProHeart SR-12 para tratamento desses pacientes, administrado a cada 6 meses e associado ao ciclo de 30 dias da doxiciclina em cães naturalmente positivos para D. immitis. Este, porém, foi um protocolo de tratamento alternativo.

A Melarsomina é um medicamento que funciona como adulticida e é usada em alguns países como protocolo de tratamento, porém não está disponível no Brasil. Aqui, nós prescrevemos o tratamento conhecido como “slow kill” que consiste no uso das lactonas macrocílicas mensais associadas ao ciclo de doxiciclina e até mesmo de corticoesteróides para reduzir a inflamação causada pelo verme adulto e pela bactéria do gênero Wolbachia.

A Wolbachia spp desempenha um papel importante na patogênese e inflamação como resposta à infecção pela dirofilariose em cães. Portanto, o diagnóstico precoce é imprescindível para que o tratamento seja iniciado o quanto antes e não apenas o uso de medicamentos preventivos. Desta forma, provavelmente, conseguiremos reduzir mais danos ao organismo do animal.

Sabendo disso, concluímos que é extremamente recomendável testar o paciente independente de qual preventivo será realizado.

*a partir dos 6 meses

Autor: Dra Tamiris Gomes

Médica veterinária e Consultora de demanda da Zoetis

Dra Tamiris Gomes

Referências:

Evaluation of different dosages of doxycycline during the adulticide

treatment of heartworm (Dirofilaria immitis) in dogs (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0304401720301217)

Efficacy of semi-annual therapy of an extended-release injectable moxidectin suspension and oral doxycycline in Dirofilaria immitis naturally infected dogs (https://parasitesandvectors.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13071-020-04380-z)

https://www.heartwormsociety.org/images/documents/2014_AHS_Canine_Guidelines.Portuguese.Pesquis%C3%A1vel.pdf