Gatos

Reações alérgicas pós-vacinais em gatos: porque o cão não pode ser usado como parâmetro.

As reações alérgicas (ou hipersensibilidade do tipo 1) estão entre as primeiras causas em que os tutores procuram as clínicas veterinárias de cães e gatos, uma vez que os sintomas devem ser acompanhados de avaliação imediata, sob risco de óbito caso o quadro progrida.

Avaliação Clínica

Do ponto de vista clínico, diferem-se duas categorias de reações alérgicas pós-vacinais: o choque anafilático, de início hiperagudo (segundos a minutos após a aplicação) e que pode ter consequências fatais, e uma reação imediata mais branda, que em geral aparece dentro de 24h após a aplicação e pode ser auto limitante. Um conceito bastante importante é que nem todas as reações de hipersensibilidade do tipo 1 são consideradas como choque anafilático. Porém, alguns sintomas de reação alérgica, em especial na fase inicial, podem ser comuns às duas apresentações clínicas, justificando a intervenção medicamentosa com precocidade.

O choque anafilático em cães e gatos é caracterizado por liberação massiva e imediata de mediadores pré-formados segundos a minutos após a vacina, resultando em profunda hipotensão e broncoconstrição. Vômitos, diarreia (hemorrágica ou não), sialorreia, dispneia (por edema pulmonar) e cianose podem ser observados inicialmente, evoluindo para decúbito e óbito. Alguns animais, inclusive, podem morrer imediatamente após a aplicação. Quanto às reações brandas, os sintomas mais comuns em cães acometidos incluem angioedema, edema de face, prurido, pápulas pelo corpo e, mais raramente, vômitos e diarreia.

Comparativo entre os sintomas de reações pós-vacinais em cães e gatos

O maior estudo retrospectivo sobre reações vacinais em cães apontou que 30,8% dos cães apresentaram angioedema, 20,8% pápulas/urticária e 15,3% prurido diagnosticados nos primeiros três dias seguintes à injeção da vacina. Gatos, por sua vez, podem apresentar sintomas bem mais sutis em casos de reações alérgicas: vômitos, diarreia, alterações de comportamento, sialorreia e tentativas de se esconder logo após a injeção vacinal. Em um estudo em felinos, as reações foram relatadas durante os 30 dias subsequentes à aplicação. Apenas 5,7% dos gatos tiveram edema facial e/ou angioedema e 1,9% apresentaram-se com prurido generalizado. Ainda, 54,2% dos gatos manifestaram letargia e/ou febre, e 25,2% edema, dor ou inflamação no ponto de aplicação. A Tabela 1 resume os achados dos dois estudos citados:

Tabela 1 – Comparativo entre os sintomas de reações pós-vacinais em cães e gatos
Cães*
Frequência (%)
Gatos**
Frequência (%)
Angioedema
30.8
Letargia e/ou febre
54.2
Pápulas ou urticária
20.8
Edema, dor ou inflamação
25.2
Prurido generalizado
15.3
Vômitos
10.3
Vômitos
10.3
Edema facial e/ou angioedema
25.2
Edema, dor ou inflamação
8
Prurido generalizado
1.9
Febre, letargia e anorexia
5.5
Colapso
0.24 (4 gatos)
Colapso
1 (4 cães)

A análise dos dados permite algumas observações. A primeira delas é que os sintomas típicos de reações de hipersensibilidade observados em cães (angioedema, edema de face e prurido) raramente são vistos em gatos. Em outras palavras, não se deve excluir reações alérgicas em gatos simplesmente porque eles não apresentaram tais sintomas.

A segunda é que a frequência de vômitos após a vacinação foi elevada para ambas as espécies (10,3%), ainda que o tempo de observação das reações após a vacinação tenha sido diferente nos dois estudos (3 dias para cães e 30 dias para gatos). O vômito pode ter várias causas no contexto de uma vacinação: reação inespecífica, reação alérgica e mesmo consequência de multiplicação de vírus vivos no trato gastrointestinal (por exemplo, os parvovírus canino e felino). No entanto, um gato que vomita logo após a vacina (em segundos ou poucas horas) deve ser considerado como potencial portador de reação de hipersensibilidade, seja uma reação branda ou mesmo choque anafilático. Nestes casos, por exemplo, a aplicação de um simples antiemético sem o acompanhamento clínico adequado e medicações adicionais pode significar a negligência de uma informação importante. De uma maneira mais direta, gatos que vomitam, apresentam diarreia ou tem alteração de comportamento logo após a vacinação devem ser observados com muita cautela, uma vez que esses sintomas podem representar o início de um quadro de hipersensibilidade com evolução imprevisível em um primeiro momento.

Como conclusão, os sintomas de hipersensibilidade em gatos decorrentes de vacinação podem ser nitidamente diferentes daqueles observados em cães, tanto em qualidade como em quantidade. Conhecer essas diferenças permite a identificação precoce de efeitos adversos e a intervenção medicamentosa adequada.

Guarde com você

As reações alérgicas pós-vacinais em felinos são eventos considerados raros, comumente com manifestações clínicas diferentes daquelas observadas no cão. A identificação de tais reações é importante para estabelecer a conduta clínica adequada no momento com maior chance de êxito terapêutico.

Programa de Vacinação Sugerido Para Gatos*

Primeira Dose
A partir de 9 semanas de idade

Segunda Dose
3 a 4 semanas após a primeira dose

Revacinação
Anual

Primeira Dose
A partir de 9 semanas de idade

Segunda Dose
3 a 4 semanas após a primeira dose

Revacinação
Anual

Primeira Dose
A partir de 8 semanas de idade

Segunda Dose
3 a 4 semanas após a primeira dose

Revacinação
Anual

Dose Única
A partir de 12 semanas de idade

Revacinação
Anual

* Esta é apenas uma sugestão de programa vacinal. Os programas vacinais estão sujeitos a alteração do médico-veterinário.
**Vacinação de gatos com menos de 9 semanas de idade: uma dose a cada 3-4 semanas até completarem 12 semanas de idade.

Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.

Confira o estudo completo e as referências bibliográficas no link clique aqui

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