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Atualizações clínicas sobre as infecções por Chlamydia em gatos

Clamídias são bactérias que causam principalmente conjuntivite em gatos e também exercem participação em outros distúrbios sistêmicos e reprodutivos nos felinos. Existem em 2 formas: um corpo elementar (CE) infeccioso, que existe dentro da célula, e o corpo reticular (CR), que se replica dentro do citoplasma de células hospedeiras, depois amadurece e forma um novo CE. Os CE sobrevivem alguns dias em temperatura ambiente e são facilmente desativados por desinfetantes. A transmissão ocorre principalmente através de contato direto entre gatos.

As clamídias infectam constantemente as células epiteliais dos sistemas ocular, respiratório, gastrintestinal e geniturinário. As infecções sinoviais por clamídia também foram relatadas em várias espécies hospedeiras diferentes.

Características clínicas

A infecção por C. felis é adquirida por gatos principalmente através de contato próximo, objetos contaminados, ou, em menor escala, por transmissão por aerossóis. Os filhotes podem ser infectados pela mãe no nascimento. Em alguns gatos infectados, o organismo é disseminado em secreções vaginais e pelo reto, bem como em secreções oculares. O organismo replica-se no citoplasma de células epiteliais conjuntivas, mas também se espalha através da corrente sanguínea para vários outros tecidos.

  • A infecção é tipicamente seguida 2 a 5 dias depois pelo desenvolvimento de conjuntivite aguda, crônica ou recorrente, com ou sem sinais de rinite, como secreção nasal e espirros.
  • Sinais no trato respiratório inferior ocorrem raramente ou nem ocorrem.
  • Podem ocorrer febre, letargia, claudicação e perda de peso.
  • Existem também raros relatos de gastrite e peritonite associadas à detecção de organismos semelhantes à clamídia em gatos.

Depois do início da conjuntivite aguda, a infecção pode persistir por meses, e pode vir acompanhada de sinais leves de conjuntivite, ou, em alguns casos, nenhum sinal clínico de doença. Coinfecções com outros agentes como o calicivírus felino, herpesvírus felino tipo 1, Bordetella ou Mycoplasma aumentam a gravidade clínica da infecção. Outras bactérias também atuam como invasoras secundárias e pioram a doença. Não está claro se a C. felis pode causar doença reprodutiva em gatos.

Prevalência da infecção

O DNA da C. felis não é detectado comumente em swabs conjuntivais de gatos saudáveis. Por exemplo, entre gatos mantidos em casa, os clinicamente saudáveis, aqueles que apresentam histórico de conjuntivite pregressa e aqueles que apresentam conjuntivite ativa, possuem resultados de PCR positiva de 0%, 4,6% e 7,3%, respectivamente. Em gatos de abrigos, a prevalência da infecção por C. felis varia de 0% a 15%. Em gatos de 218 abrigos de resgate europeus, estabelecimentos de criação e residências particulares, a prevalência da infecção em gatos sem doença respiratória foi de 3%, em comparação a 10% nos gatos com evidência de doença respiratória.

Felinos saudáveis

PCR: 0%

Felinos com conjuntivite pregressa

PCR: 4,6%

Felinos com conjuntivite ativa

PCR: 7,3%

A infecção por C. felis é mais comumente detectada em gatos jovens, especialmente os com idade entre 2 e 12 meses. Filhotes com menos de 2 meses de idade podem ser protegidos pelos anticorpos maternos, porém foram descritas infecções neonatais.

Diagnóstico

O diagnóstico de clamidiose baseia-se, na maior parte das vezes, nos resultados de testes moleculares com uso de PCR. Para todos os testes diagnósticos que detectam clamídias, deve ser feita uma tentativa de coleta de números suficientes de células epiteliais infectadas. As inclusões são em geral visíveis somente no início, durante o curso da infecção. Além disso, grânulos de melanina no citoplasma de células epiteliais conjuntivas podem produzir resultados falso-positivos.

Em geral, os métodos ELISA que detectam o antígeno clamídico apresentam sensibilidade e especificidade mais baixas, em comparação à cultura celular e PCR, para detecção de infecções felinas. A cultura de clamídias de swabs conjuntivos foi tradicionalmente considerada o padrão ouro para diagnóstico de clamídia, porém, atualmente é executada principalmente em pesquisas. Para prolongar a sobrevivência do organismo, os swabs devem ser colocados imediatamente em um meio de transporte clamídico. Os tempos de incubação ficam na ordem de 2 a 3 dias.

Os ensaios de PCR para C. felis podem não detectar outras espécies clamídicas, como a C. pneumoniae. Em 1 estudo, soluções oftálmicas tópicas como a proximetacaína e a fluoresceína não interferiram com a capacidade da PCR de tempo real na detecção da C. felis. Pelo fato de haver gatos sem sinais de conjuntivite que ocasionalmente testam positivos ao PCR para C. felis, os resultados de PCR devem ser interpretados à luz do histórico, sinais clínicos presentes e resposta ao tratamento apropriado.

Tratamento

As infecções por clamídia em geral são tratadas com antibióticos da categoria das tetraciclinas. A administração oral de doxiciclina na dose de 5 a 10 mg/kg duas vezes ao dia por 3 a 4 semanas resulta em resolução clínica na maioria dos gatos. Recomenda-se o tratamento de todos os gatos de uma colônia por 4 semanas. O tratamento deve continuar pelo menos por 2 semanas depois que os sinais clínicos se resolverem. O uso de terapia tópica não é recomendado, por causa da natureza sistêmica da doença.

Para gatos que não toleram doxiciclina, 4 semanas de amoxicilina-clavulanato é uma alternativa adequada. Em gatos infectados experimentalmente, a eficácia da enrofloxacina foi semelhante à da doxiciclina, conforme determinado pela pesquisa de anticorpos fluorescentes em swabs conjuntivais, apesar de alguns gatos tanto no grupo com doxiciclina como no grupo com enrofloxacina terem apresentado evidência de infecção persistente ao final do período de tratamento.

Vacinação

A Zoetis disponibiliza uma vacina inativada e uma vacina viva atenuada para a prevenção de conjuntivite clamídica em gatos. Elas não previnem a infecção e disseminação da clamídia após o desafio, porém reduzem a gravidade dos sinais clínicos.

Prevenção

Considerando-se que as clamídias sobrevivem mal no ambiente e que a principal rota de transmissão é o contato próximo, a transmissão pode ser minimizada por meio de boa higiene, quarentena, alojamento individual e práticas de desinfecção em situações de gatil. As clamídias são facilmente inativadas por soluções detergentes.

Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.

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