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Giardíase/Giardiose – Métodos de Diagnóstico e Controle de Cura

cão em foco, debaixo de cobertas

Giardia spp. (Giardia duodenalis, Giardia lamblia, Giardia intestinalis) é um protozoário flagelado que infecta o trato entérico de humanos, de animais domésticos e silvestres.

O parasita apresenta duas formas evolutivas: trofozoíto, no interior no organismo, e o cisto (estrutura infectante, eliminada pelas fezes do hospedeiro), no ambiente.

As taxas de transmissão e de reinfecção por Giardia são muito altas, devido à intensa eliminação de cistos no curso da infecção (determinando importante contaminação ambiental), associada à sua resistência no meio. Por isso, a giardiose se torna um problema, principalmente em colônias de alta densidade populacional, como criatórios e abrigos.

A maior parte dos indivíduos infectados são assintomáticos. Quando adoecem, geralmente apresentam quadros diarreicos associados à má absorção ou colites.

O diagnóstico da Giardiose pode ser realizado por meio da pesquisa do agente nas fezes, pelo exame direto, coproparasitológico, imunoensaios rápidos ou PCR, realizados em material oriundo de defecação natural ou aspirados duodenais obtidos por endoscopia.

O Exame Direto consiste na pesquisa microscópica do parasita (cistos ou trofozoítos) na amostra fecal, sem preparo, apenas levemente diluída com solução salina, na proporção de 1:1. Trofozoítos podem ser reconhecidos pela motilidade (como uma “folha pairando no ar”). Essa técnica apresenta baixa sensibilidade (<20%). Resultados negativos não excluem a infecção e resultados positivos não dispensam o coproparasitológico completo, uma vez que é bastante comum a presença de copatógenos.

O Coproparasitológico se refere à avaliação das fezes submetidas a técnicas de sedimentação ou flutuação, para a pesquisa de ovos, cistos ou oocistos de diferentes parasitas entéricos. Especificamente para a Giardia, a melhor técnica Centrifugo-flutuação em Sulfato de Zinco (Técnica de Faust), devido à densidade dos cistos. Outras técnicas que podem ser utilizadas são a centrifugação em sacarose de Sheather e centrifugo-flutuação em formol-éter. Giardia tem um ciclo intermitente, com períodos de eliminação intercalados por não eliminação. Portanto, sugere-se repetição de testes parasitológicos, com pelo menos 3 amostras fecais colhidas no período de 1 semana, com intervalos de 48h entre elas.

Os imunoensaios rápidos (ELISA, imunocromatografia) são testes mais sensíveis e mais específicos, que pesquisam pontualmente o parasita, por meio da utilização de anticorpos que identificam antígenos específicos de Giardia nas fezes. Constituem uma importante ferramenta como contraprova para o coproparasitológico, coibindo a necessidade dos exames seriados. Recomenda-se, apenas, que amostras muito liquefeitas sejam centrifugadas ou decantadas, a fim de evitar a falso-negatividade por diluição dos antígenos parasitários.

A pesquisa molecular pela reação em Cadeia de Polimerase (PCR) é mais específica que sensível, principalmente porque as fezes podem conter inibidores da reação, determinando resultados falso-negativos.

A avaliação da eficácia terapêutica pode ser realizada pelo coproparasitológico, imunoensaio ou PCR, e deve considerar o período pré- patente (intervalo entre ingestão de um cisto até a eliminação de outros, resultantes da infecção, pelas fezes), de cerca de 5 a 12 dias no cão e 5 a 16 dias no gato. Caso o exame seja realizado em até 5 dias após o término do tratamento e haja identificação de cistos na amostra, conclui-se que o tratamento foi mal-sucedido. Resultados positivos obtidos após esse período não permitem concluir se os cistos observados se referem à infecção tratada ou à reinfecção devido à contaminação ambiental.

Médica-veterinária segurando um felino

Maria Alessandra Martins del Barrio

Conhecida nacionalmente como Mallet, é graduada, tem residência e é mestra pela FMVZ/USP.

É professora das disciplinas de Patologia Clínica, Clínica e Doenças de Pequenos Animais na Faculdade de Medicina Veterinária da PUC – Poços de Caldas / MG, além de cursos de especialização me Medicina Interna de Pequenos Animais e Medicina Felina.”

É também autora de capítulos de livros de Medicina Interna de Pequenos Animais, Medicina Felina, Infectologia, Nefrologia e Parasitologia.