Cães, Imunização

UMA REVISÃO SOBRE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS INFECCIOSAS EM CÃES

Cachorro sentado no chão de madeira

A doença respiratória infecciosa canina, também conhecida como “tosse dos canis”, “gripe canina” ou “traqueobronquite infecciosa canina”, presente no mundo todo, foi considerada durante muitos anos uma doença comum, com importância clínica limitada em razão dos seus sintomas clínicos serem considerados “brandos”, como tosse, perda de apetite e prostração. Atualmente esse assunto tem despertado bastante interesse por parte de médicos veterinários e tutores, visto a alta morbidade na população canina, alta transmissibilidade e o incômodo gerado pelos sintomas clínicos tanto nos animais quanto nas pessoas que convivem com animais doentes.

A traqueobronquite infecciosa canina é considerada atualmente uma infecção complexa, em razão da sua etiologia mutifatorial, e devido ao fato de alguns patógenos poderem ocasionar sintomas mais graves e até mesmo levar a quadros fatais, por servir em algumas situações como porta de entrada para agentes mais patogênicos. Sintomas como tosse, descarga nasal e dispneia são raramente associados a um único patógeno, sendo mais frequentemente atribuídos à múltiplos agentes que atuam em sequência ou em sinergismo.  O vírus da parainfluenza canina, o adenovírus canino tipo 2 e o herpesvírus canino são alguns dos agentes causadores da doença, frequentemente em conjunto ou precedendo infecções causadas pela bactéria Bordetella bronchiseptica. Além desses agentes, podemos também ter infecções sendo causadas por Mycoplasma, coronavírus respiratório canino (CRCoV), paramixovírus canino (vírus da cinomose - CDV), vírus da influenza canina (CIV) e o reovírus canino levando a quadros de doença respiratória bastante importante em cães.

A eliminação do agente pelos doentes se dá por meio das secreções respiratórias e aerossóis, tosses e espirros, havendo transmissão direta ou indireta (fômites) sendo os epitélios respiratórios a porta de entrada e a traqueia e brônquios os locais de infecção. Vírus destroem o epitélio respiratório, predispondo a infecções bacterianas secundárias, que podem agravar os sintomas.

O quadro clínico inicia 3-10 dias após a infecção e o diagnóstico é realizado por meio de anamnese e exame físico. Exposição aos agentes, contactantes com sintomas de doença respiratória, idade e histórico vacinal devem ser levados em consideração para o diagnóstico da doença. Radiografias cervical e pulmonar e hemograma podem ser realizados. A pesquisa do agente envolvido é raramente realizada e, caso cinomose seja uma preocupação, poderão ser realizadas uma PCR, pesquisa de antígenos ou ainda pesquisa de corpúsculos de Lenz.

Sobre o tratamento normalmente são prescritos anti-inflamatórios, e a utilização de antimicrobianos é realizada caso haja suspeita de infecção por Bordetella ou Mycoplasma ou ainda outras infecções bacterianas secundárias. Nesses casos recomenda-se o uso de antibióticos do grupo das tetraciclinas (doxiciclina) ou ainda amoxicilina + clavulanato (Synulox®), enrofloxacina, cloranfenicol e gentamicina (nebulização) por apresentarem espectro de ação para Bordetella. Broncodilatadores, fluidoterapia, nebulização e antibioticoterapia guiada por cultura e antibiograma podem ser necessários nos casos de pneumonia.

Animais de companhia doentes exigem dedicação e cuidados por parte de seus responsáveis, e gastos com consulta, exames e tratamento provavelmente estão fora de qualquer orçamento, sem falar no impacto emocional que uma doença traz para aqueles que amam e cuidam seus animais de estimação. A boa notícia é que muitas doenças podem ser evitadas por meio de vacinação e vários dos agentes causadores da tranqueobronquite infecciosa canina estão presentes em vacinas, disponíveis para aplicação pelo médico veterinário.

Vacinas contra adenovirose respiratória, parainfluenza e Bordetella bronchiseptica estão disponíveis no Brasil para a prevenção da doença respiratória. Tais vacinas, segundo o guia de vacinação do WSAVA 2020 (World Small Animal Vaccination Association) são consideradas vacinas complementares ao protocolo de vacinação e estão disponíveis para serem aplicadas pela via subcutânea ou pela via intranasal.

As vacinas intranasais estimulam principalmente a produção de anticorpos IgA, que promovem imunidade local (proteção de mucosa), mas também produzem anticorpos sistêmicos IgG. O protocolo é realizado em dose única e a revacinação anual deverá ser realizada por toda a vida.

Vacinas intranasais apresentam menor probabilidade de interferência dos anticorpos maternos sistêmicos e menores chances de reações adversas sistêmicas, além de resposta imunológica rápida (entre 3-5 dias pós vacina), sendo indicada principalmente para casos de surtos, altos desafios, hospedagem em hotéis ou qualquer outra situação que se deseje uma resposta mais rápida.

As vacinas injetáveis por sua vez estimulam principalmente a produção de anticorpos IgG (imunidade humoral sistêmica) havendo também uma pequena produção de anticorpos locais (IgA). São fáceis de administrar e apresentam menores chances de reações adversas locais. Por serem vacinas inativadas, são necessárias 2 doses com intervalos entre 2-4 semanas na primovacinação. Reforço anual é necessário da mesma forma que para as vacinas intranasais para garantir imunidade por toda a vida.    

A Zoetis disponibiliza ao médico veterinário uma vacina intranasal trivalente viva atenuada (contra parainfluenza, adenovirose respiratória e Bordetella bronchiseptica) -  Bronchi-Shield III® e também uma vacina injetável monovalente inativada contra a Bordetella bronchiseptica  - BronchiGuard®. Ambas vacinas são eficazes e muito seguras podendo ser inseridas no protocolo vacinal de cães a partir das 8 semanas de idade. Cabe ao médico veterinário avaliar cada paciente de forma individual para determinar qual vacina é mais indicada para cada animal.

Vale lembrar ainda que o vírus da cinomose também é responsável por um quadro de doença respiratória em cães, que pode ser evitado por meio da vacinação com as vacinas polivalentes, conhecidas também como múltiplas e que apresentam na sua composição proteção para a parainfluenza e o adenovírus canino do tipo 2. É o caso das vacinas Vanguard HTLP® e Vanguard Plus®.

Evitar a exposição dos animais a mudanças bruscas de temperatura e a ambientes úmidos, além de boas práticas de manejo e uma vacinação correta ajudam a manter nossos pacientes mais saudáveis. Sabendo que o médico veterinário é o responsável por informar, esclarecer dúvidas e garantir que a vacinação seja feita de forma adequada, a Zoetis oferece aos médicos veterinários o Programa de Proteção Garantida, visando oferecer suporte técnico especializado sobre o uso das vacinas do laboratório, zelando pela saúde dos animais de companhia e garantindo produtos de qualidade para atender às necessidades de profissionais, tutores e pacientes.