Cães, Imunização

Doença Respiratória Infecciosa Canina – DRIC

Doença Respiratória Infecciosa Canina – DRIC

A Doença Respiratória Infecciosa Canina (DRIC) tem outros nomes conhecidos e bem utilizados na rotina, como traqueobronquite infecciosa canina e tosse dos canis. É uma doença contagiosa e aguda, que afeta principalmente o trato respiratório superior.

A relação entre pets e tutores é cada vez mais valorizada e estreita, o que aumenta a curiosidade sobre possíveis doenças que os animais podem desenvolver, em especial aquelas que podem ser prevenidas. E a DRIC é uma dessas doenças que podem levar desde quadro leves a moderados, até quadros mais complicados com pneumonia associada, e que para alívio de médicos-veterinários e tutores tem prevenção para os principais patógenos causadores, seja por via parenteral ou intranasal, até o presente momento: Bordetella bronchiseptica, Adenovirus tipo 2 (CAV-2) e Parainfluenza (CPI).

Epidemiologia

A DRIC é uma das principais responsáveis por sintomas respiratórios de aparecimento agudo, com surtos ocorrendo com frequência. Importante que se note que a resposta imune elicitada pela vacinação não é estéril. A vacinação tem como propósito auxiliar na prevenção da doença clínica, ou seja, não é capaz de conferir total impedimento da infecção e da excreção dos patógenos; o que se espera, é que os animais vacinados, ao sofrerem desafio, de fato não apresentem sintomas, porém caso os apresentem, esses sintomas serão brandos e com excreção viral e/ou bacteriana muito menor quando comparados aos animais não vacinados.

São vários os patógenos envolvidos entre vírus e bactérias, sendo quatro os principais: Bordetella bronchiseptica (Bb), vírus parainfluenza (CPIV), vírus influenza (CIV), e adenovírus tipo 2 (CAV-2). É importante notar que todos, sejam esses ou os demais microrganismos que veremos adiante, podem gerar sinais clínicos semelhantes compatíveis com a DRIC, podendo agir tanto de maneira solo como em coinfecções de dois ou mais agentes, sendo os animais que vivem em canis (ou até mesmo casas que possuem muitos cães) sendo os mais susceptíveis às infecções combinadas; quanto maior a associação de microrganismos infectando o animal, maior a chance de quadros mais complicados. Filhotes, animais em casas com muitos cães, canis, abrigos e até mesmo aqueles visitam hotéis, pet shops, clínicas e hospitais com frequência estão sob risco maior de exposição aos patógenos e também às coinfecções do que aqueles domiciliados e vivendo em pequenos grupos.

A transmissão é sempre da mesma forma, independente do patógeno: através do contato de animais saudáveis com secreções e aerossóis respiratórios de animais infectados (e pode inclusive ser passado de cães para gatos no caso de Bb). Se estivermos falando de cães que vivem em populações, a transmissão pode ser também através de fômites, como vasilhas, próprio tratador, brinquedos, entre outros. Os sintomas geralmente aparecem entre 3 a 10 dias após infecção, mas as infecções virais geralmente causam sintomas em 1 a 3 dias, com excreção viral por 6 a 10 dias, diminuindo a carga após esse período. Já as bactérias acabam “enganando” o sistema imune, retardando seu reconhecimento e destruição, que pode durar de semanas a meses. Além disso, animais aparentemente saudáveis podem excretar bactérias por um longo período.  Cães de todas as idades são susceptíveis, mas os filhotes são ainda mais às bactérias. A imunidade após infecção natural é de difícil avaliação, devido à grande possibilidade de patógenos envolvidos.

Achados clínicos

A doença ocorre no mundo todo, com alta taxa de morbidade e baixa mortalidade. As manifestações clínicas são difíceis de estabelecer completamente, pois a maioria dos trabalhos publicados contemplam a avaliação de apenas um agente, mas na rotina é muito comum a infecção por dois ou mais agentes concomitantemente. Os sinais iniciais incluem uma tosse paroxística, que pode ser exacerbada com exercícios; se tiver acometimento de laringe, a tosse pode parecer como uma buzina rouca e se tiver acometimento de traqueia, é possível forçar a tosse com apreensão da região inicial da mesma com as mãos ou um colar. A ausência de resposta à essas técnicas não deve ser utilizada como meio único de exclusão diagnóstica, pois depende da habilidade do examinador. Em alguns casos, os cães podem expelir muco (de transparente a branco) e tosse intensa, com muita mímica. O corrimento nasal e ocular pode se apresentar como seroso, mucoso ou mucopurulento, com espirros não tão frequentes.

Os cães acometidos por um único agente tendem a se recuperar dentro de dias, seja com ou sem uso de antibióticos. Alguns animais podem apresentar febre, letargia e inapetência, que podem ser também sinais de infecção bacteriana no trato respiratório inferior. Pneumonia, apesar de não ser comum, deve ser considerada possível em animais que apresentem dispneia, devendo ser tratada imediatamente. Os sinais clínicos tendem a ser mais presentes e mais fortes em filhotes e animais não vacinados.

Os sinais iniciam geralmente entre 3 a 10 dias após infecção, e a exposição a outros cães, sejam isolados ou principalmente cães de abrigo ou de grandes populações, é um dado relevante no diagnóstico. Quando avaliamos cães de abrigos, é comum um único animal começar a apresentar sintomas e a partir desse, se espalhar para os demais rapidamente, mesmo sem ter contato direto entre doente e susceptíveis. A duração dos sintomas depende do tempo de exposição ao patógeno, densidade populacional, resposta individual do paciente e se a infecção é solo ou combinada. No geral, os sintomas são leves e autolimitantes, sendo resolvidos em até duas semanas. Porém, em alguns animais, a tosse pode persistir por semanas; em outros, a doença pode se complicar, especialmente se houver comprometimento de trato respiratório inferior, podendo levar a quadros graves ou morte. Para doenças virais, a excreção é mínima após 10 a 14 dias da infecção, mas as bactérias podem ser excretadas por semanas mesmo após a resolução do quadro clínico.

Na próxima semana abordaremos com mais detalhes cada um dos patógenos que são conhecidos até o presente momento como responsáveis pela DRIC. Para mais informações sobre nossa linha de vacinas, acesse https://www.zoetis.com.br/especies/animais-de-companhia/vacinas.aspx

Bibliografia

Greene CE. Infectious disease of the dog and cat - 4th ed