Cães, Imunização

Como a Soroaglutinação Microscópica atua no diagnóstico da Leptospirose Canina

A soroaglutinação microscópica (SAM) é classificada como a técnica padrão para diagnosticar a leptospirose em cães, apesar de possuir uma série de limitações.

Ela baseia-se na capacidade de os anticorpos antileptospira produzidos por um cão aglutinarem em meio líquido espécimens de leptospiras pertencentes a vários sorovares. Em laboratório, são feitas diluições das amostras de soro a serem testadas, as quais são misturadas às culturas de leptospira em uma concentração padrão. A aglutinação é verificada em microscópio de campo escuro, e o título final da amostra corresponde à diluição mais alta do soro que provoca 50% ou mais de aglutinação das leptospiras.

Figura 1 – Fotomicrografia da técnica de soro aglutinação microscópica (SAM) utilizando microscopia de campo escuro (Fonte: CDC - Centers for Disease Control and Prevention, Mrs. M. Gatton, figura 2888).

Apesar de a SAM ser conduzida com sorovares de Leptospira, o resultado do teste de SAM é sorogrupo-específico, e não permite distinguir os sorovares existentes em um mesmo sorogrupo. Isso ocorre porque os anticorpos contra os sorovares de um mesmo sorogrupo reagem de forma cruzada. Diversos laboratórios oferecem a SAM como ferramenta diagnóstica, porém a variedade de sorovares para teste oscila amplamente, o que pode comprometer a interpretação dos resultados. Além disso, existem problemas de padronização da técnica entre laboratórios, fazendo com que a repetição dos resultados seja inadequada. A Tabela 1 mostra de forma resumida as principais limitações da técnica de SAM.

Principais Limitações da técnica de soroaglutinação microscópica
Limitação
Consequência
Detecção em nível de sorogrupo
Nem sempre determina o sorovar infectante
Disponibilidade de sorovares para teste muito variável entre laboratórios
Pode haver resultados falso-negativos por falta de determinado sorovar para teste
Padronização da técnica inadequada
Variações intra e entre testes; repetibilidade dos resultados comprometida
Necessidade de soroconversão
A SAM pode ser negativa nos primeiros dias de infecção; a repetição do teste é amplamente recomendada
Ocorrência de reações paradoxais
Interferência com a interpretação dos resultados em animais vacinados recentemente

Um resultado positivo pela SAM indica a presença de anticorpos aglutinantes e, desta forma, pode ter 3 interpretações distintas:

  • Exposição passada ao sorovar/sorogrupo: neste caso, os anticorpos apenas indicam resposta ao desafio natural.
  • Vacinação: da mesma forma que no item anterior, os anticorpos apenas indicam resposta à vacinação.
  • Exposição atual ao sorovar/sorogrupo: a correlação com o quadro clínico passa a ser muito importante.

Diante de um quadro clínico compatível com leptospirose, deve-se realizar a SAM assim que possível. Títulos de pelo menos 800, acompanhados de quadro clínico apropriado, são considerados diagnósticos para leptospirose, desde que se exclua a vacinação nos últimos 4 meses. A exclusão de imunização é necessária porque títulos muito altos (acima de 1600) já foram detectados após a vacinação. No entanto, como muitos animais podem ter histórico de vacinação envolvido e, ainda, pelo fato de muitos não apresentarem soro conversão no momento de colheita de amostra, a repetição da SAM é altamente recomendável para melhorar a sensibilidade e a especificidade diagnósticas.

Deve ser lembrado que a SAM não determina com precisão nem o sorovar nem o sorogrupo infectante – pode-se dizer apenas que houve soro conversão que confirma o diagnóstico da doença. Isso acontece porque comumente ocorrem reações cruzadas entre sorovares de um mesmo sorogrupo e, embora menos frequentemente, entre os diversos sorogrupos. Os próprios títulos de anticorpos podem variar no mesmo animal ao longo do tempo, e nem sempre o maior título corresponde ao sorogrupo infectante. Títulos vacinais geralmente persistem por cerca de 4 meses após a vacinação, porém podem manter-se por mais de um ano, especialmente se ocorrer exposição constante a cepas de Leptospira de campo. Títulos mais altos (acima de 800-1600) tendem a ocorrer logo após a vacinação.

Em vista dos problemas de técnica que cercam a SAM, é recomendável que os testes sejam feitos no mesmo laboratório a fim de minimizar possíveis variações causadas pela falta de padronização entre laboratórios. Por fim, cabe ressaltar que a utilização de antimicrobianos no curso da doença pode conter a elevação dos títulos, embora os cães geralmente soro convertam a despeito do tratamento.


As vacinas da linha Vanguard® protegem contra a leptospirose em cães. Vanguard HTLP®é uma vacina bivalente que protegecontra os sorovares Canicola e Icterohaemorrhagiae e Vanguard® Plus protege contraos sorovares Canicola, Icterohaemorrhagiae, Pomona e Grippotyphosa.

Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.

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