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Atualizações sobre doenças respiratórias Canina

A Doença Respiratória Infecciosa Canina (DRIC) permanece sendo um grande problema em ambientes de canil de abrigo e hospedagem, apesar da vacinação massiva contra a doença. Como resultado de melhorias nos testes diagnósticos, está ocorrendo uma maior conscientização de infecções mistas em animais afetados. Em ambientes como abrigos, as coinfecções podem ser mais comuns com um único patógeno. Além disso, vários patógenos surgiram nos últimos anos como importantes contribuintes para a DRIC em situações de canil e abrigo.

Os patógenos respiratórios caninos podem agir sinergisticamente para causar a doença, e a doença grave tem maior probabilidade de estar associada a coinfecções. Infecções únicas podem estar presentes em alguns animais subclinicamente afetados. Achados semelhantes foram relatados em crianças com pneumonias adquiridas em comunidades.

Diagnóstico

O estabelecimento de um diagnóstico pode não ser necessário em cães que estejam saudáveis, mas que apresentem somente a característica de tosse “de ganso” da síndrome de tosse dos canis. A grande maioria desses cães apresentará infecções autolimitantes, com sinais clínicos em geral resolvendo-se dentro de 5-7 dias sem terapia antimicrobiana. Alguns cães podem demandar um período curto de terapia antimicrobiana, porém recomenda-se que o tratamento antibiótico seja suspenso, se houver infecção não complicada e se os sinais clínicos estiverem presentes por menos de 10 dias. Um supressor de tosse como a hidrocodona pode ser considerado nessa situação, porém a supressão da tosse é contraindicada em cães com doença complicada (tosse produtiva, infiltrados pulmonares, febre, letargia, inapetência).

Os testes diagnósticos são indicados se:

  1. um surto tiver ocorrido;
  2. os cães afetados não estiverem bem sistemicamente;
  3. se a tosse persistir apesar do tratamento.

O estabelecimento de um diagnóstico pode ajudar no controle e prevenção em situações de canil e na terapia antimicrobiana adequada para cães com infecções bacterianas, por exemplo, infecções por Bordetella bronchiseptica. Algumas infecções por Bordetella bronchiseptica podem ser refratárias ao tratamento com drogas antimicrobianas sistêmicas. Isso pode resultar de resistência antimicrobiana ou penetração inadequada da droga no local da infecção.

Patógenos respiratórios emergentes e reemergentes de cães

  • A Bordetella bronchiseptica é um coco-bacilo aeróbico gram-negativo. É o agente bacteriano mais comum que causa a DRIC, e tende a causar sinais moderados de doença. A infecção é mais bem diagnosticada por meio de lavado transtraqueal ou broncoalveolar, porém, ocasionalmente, swabs de garganta ou lavados/swabs nasais serão positivos. Tanto cultura como testes de PCR estão disponíveis para detecção de Bordetella bronchiseptica. Vacinas parenterais e intranasais podem ajudar a prevenir bordetelose, e atualmente não há nenhuma evidência forte de que uma abordagem seja melhor que outra em cães de estimação.
  • O Streptococcus equi, subespécie zooepidemicus é um streptococcus beta-hemolítico que causou surtos de pneumonia hemorrágica aguda supurativa ou necrotizante em situações de abrigo. O Streptococcus canis pode ser encontrado nos pulmões tanto de cães saudáveis como de cães com tosse dos canis, enquanto o S. equi raramente é encontrado em cães saudáveis. Se ele atua como patógeno primário ou invasor secundário não está claro, porém em um surto recente na Califórnia, a presença consistente de coinfecção não foi documentada. Ele raramente é isolado em animais de estimação domésticos.
  • Micoplasmas são considerados flora normal no trato respiratório de cães, porém são ocasionalmente isolados do trato respiratório inferior de cães sem evidência de coinfecção. O micoplasma primário associado à doença respiratória inferior em cães pode ser o Mycoplasma cynos. No Reino Unido, o M. cynos foi associado a broncopneumonia significativa em filhotes, e o M. cynos foi usado para recriar experimentalmente doença respiratória inferior em cães. O M. cynos foi associado a doença respiratória moderada em cães de canil no Reino Unido. Outros micoplasmas foram isolados do trato respiratório de cães, porém esses não foram definitivamente associados à doença respiratória inferior. A detecção de micoplasmas pode ser realizada com uso de cultura, apesar de o crescimento demandar meios especiais e algumas vezes incubação por mais de uma semana.
  • O influenzavírus canino surgiu na Flórida, Estados Unidos, como resultado de uma mutação do influenzavírus equino H3N8. O vírus causa febre, tosse e uma pneumonia hemorrágica após um período de incubação de 2 a 4 dias, porém apresenta um índice de mortalidade baixo. Infecções bacterianas secundárias são comuns. Em áreas não endêmicas, o diagnóstico no cenário clínico pode ser feito por meio de PCR em amostras de lavado broncoalveolar (BAL) ou swabs nasais ou de garganta, combinado ao uso de sorologia de fase aguda e convalescente, contanto que o animal não tenha histórico de vacinação anterior. Vacinas inativas estão atualmente disponíveis para essa infecção, e podem ser úteis para ajudar a reduzir a doença e a disseminação do vírus em cães com risco de infecção. A vacina também demonstrou reduzir muito a gravidade da doença devida ao S. equi em coinfecções com o vírus influenza canino.
  • O coronavírus respiratório canino é um vírus de RNA que representa outra causa emergente de doença respiratória em cães no mundo inteiro. Sua presença tende a se correlacionar com doença leve, porém ele foi detectado em surtos graves de doença do trato respiratório. A infecção com o coronavírus respiratório canino pode predispor a outras infecções bacterianas e virais. É detectável com uso de RT-PCR em amostras de lavado transtraqueal ou broncoalveolar, ou swabs de garganta. Atualmente não existem vacinas para prevenir essa infecção.
  • O vírus da cinomose canina é outra causa importante da tosse dos canis. Muitos cães com cinomose não apresentam sinais neurológicos ou gastrointestinais. Amplamente não diagnosticado como causa de tosse dos canis em cães, é um vírus de RNA que pode ser detectado usando-se RT- PCR em amostras respiratórias. Pode também ser detectado com uso de PCR em sangue total ou amostras conjuntivas. Testes de anticorpos fluorescentes podem ser aplicados às amostras conjuntivas, apesar de ser possível a ocorrência tanto de falsos positivos como de falsos negativos com uso desse método. A cinomose pode ser considerada em qualquer cão jovem que desenvolva secreções nasais e oculares mucopurulentas com conjuntivite.
  • O parainfluenzavírus canino permanece como a causa viral número 1 de DRIC em cães, e vacinas não essenciais intranasais e parenterais estão disponíveis e são amplamente utilizadas para prevenção da infecção. Outros patógenos virais incluem o adenovírus canino (para o qual existe vacinação, que é usada como vacina essencial para prevenção de hepatite canina infecciosa), e o herpesvírus canino. O herpesvírus canino foi recentemente documentado como potencial causa de doença ocular em cães.

Confira o artigo completo e as referências bibliográficas no link http://bit.ly/BlogZoetisAnais

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