Cães, Imunização

Abordagem clínica no cuidado com as vacinas

Vacinações estão entre os procedimentos mais comuns na clínica veterinária de animais de companhia. Apesar de rotineiro, o ato de aplicar uma vacina requer que se atente a alguns cuidados básicos para proporcionar ao paciente maior chance de imunização e redução de efeitos adversos.

Pontos-chave:

Vacinações são procedimentos corriqueiros na clínica veteriária, mas nem por isso se deve preterir alguns cuidados de aplicação;
A manutenção 2 a 8oC é imprescindeivel para a garantia da eficácia e segurança vacinais;
As vacins devem ser aplicadas imediatamente após retirada de refrigeração e preparação em seringa;
A dose, via aplicação e local de aplicação devem ser obedecidos conforme as instruções de bula;
Quando mais de uma vacina for aplicada no mesmo dia, é recomendável injetar em locais diferentes, tendo por base a drenagem linfática de cada área

Confira a seguir os principais cuidados no manuseio de vacinas para animais de companhia:

Conservação

Temperaturas de 2 a 8°C são requeridas para manutenção da qualidade. Isso envolve desde a fabricação da vacina até a sua retirada de câmara climatizada ou refrigerador para aplicação. Temperaturas superiores a 8°C podem provocar morte de agentes vivos e desestabilização de antígenos mortos, ou seja, a vacina pode não funcionar. Temperaturas inferiores a 2°C podem resultar em alterações físico-químicas, como precipitação de adjuvantes e rompimento de bacterinas, resultando em mais reações locais ou sistêmicas às vacinas. Nas vacinações feitas em domicílio, o cuidado com a manutenção de temperatura deve ser reforçado.

Reconstituição

Para as vacinas liofilizadas, deve-se utilizar apenas o diluente fornecido pelo fabricante. As vacinas devem ser retiradas da refrigeração apenas no momento de aplicação e injetadas no animal pela via indicada em bula imediatamente após a reconstituição e/ou preparo em seringa. Alguns guias de vacinação internacionais estabelecem que as vacinas devem ser aplicadas no máximo em 1 ou 2 horas após o preparo, mas nem sempre essa informação é embasada em estudos de estabilidade conduzidos pelas empresas. Igualmente, vacinas que permaneceram fora de refrigeração por qualquer período não devem ser refrigeradas novamente.

Volume de aplicação

O volume a ser aplicado é fixo por animal, independentemente do seu porte. Assim, cães de raças pequenas podem não ser imunizados com metade do volume de um produto. Da mesma forma, raças de grande porte não requerem volumes maiores para serem estimuladas adequadamente. É importante salientar que a mistura entre vacinas diferentes é totalmente desencorajada. Existe o risco de interferência de uma vacina com a outra, advindo falta de eficácia ou efeitos adversos indesejáveis.

Via de aplicação

Cada vacina pede que seja empregada em âmbito clínico a via de aplicação utilizada nos estudos de eficácia e segurança conduzidos. Parece óbvio, por exemplo, que uma vacina intranasal não deva ser aplicada pela via subcutânea, e vice-versa. Porém, em outras situações, pode parecer aceitável aplicar uma vacina subcutânea pela via intramuscular (ou o contrário), o que não é correto de forma alguma. Aplique sempre da forma indicada pelo fabricante na bula.

Local de aplicação

É bastante corriqueira a aplicação de mais de uma vacina por visita ao veterinário. Um cuidado a ser tomado refere-se à divisão dos locais de aplicação de vacinas, em particular aquelas feitas por via subcutânea. A Figura 1 mostra as áreas de drenagem dos principais linfonodos periféricos no cão. Em termos práticos, se for preciso aplicar, por exemplo, 2 vacinas, deve-se injetar uma em cada lado do corpo (faces laterais do abdômen esquerda e direita ou faces laterais do tórax esquerda e direita) ou, alternativamente, do mesmo lado (faces laterais do tórax e do abdômen esquerdas ou faces laterais do tórax e do abdômen direitas).

Figura 1A - Linfonodos periféricos e suas áreas de drenagem no cão (Fonte: Wikivethttp://en.wikivet.net/Lymph%20Nodes%20-%20Anatomy), acesso em fevereiro de 2015.

Figura 1B - Visão Sagital mediana das principais estruturas linfáticas do cão (Adaptado de Aspinall V. O`Reilly M. Lymphatic vessels and lymph nodes in the dog. Introduction to Veterinary Anatomy and Physiology. Butterworth Heinemann, 2004).

Antissepsia

A limpeza da pele previamente à aplicação da vacina constitui medida para prevenir o carreamento de microrganismos, em particular bactérias, para o tecido subcutâneo, evitando a formação de abscessos no ponto de injeção. Porém, alguns guias de vacinação internacionais não recomendam a utilização de desinfetantes, pois alegam que pode haver inativação de agentes vacinais vivos (por álcool, por exemplo). Possivelmente, a quantidade de desinfetante colocada no ponto de injeção pode ter relevância. Neste contexto, cabe ao médico veterinário, com base em sua experiência clínica, decidir sobre a utilização ou a forma de fazer antissepsia em suas vacinações de rotina.

Técnica de aplicação

Proporcionar tranquilidade para o paciente (o que muitas vezes passa por tranquilizar o dono do animal também), é fundamental. O animal deve permanecer em posição tal que ele não se mova demasiadamente durante a aplicação, prevenindo desvios da agulha indesejados abaixo da pele e dor. Cães de pequeno porte podem ser mantidos entre os braços de seus donos. Animais de porte grande podem ficar mais calmos no chão que sobre a mesa. Técnicas para distrair o paciente ou impedi-lo de ver o veterinário aplicando a vacina também podem funcionar. Nas aplicações subcutâneas, a profundidade da agulha é importante. A formação de um pequeno nódulo enrijecido imediatamente após a aplicação indica que a injeção foi intradérmica, e não subcutânea (Figura 2).

Figura 2 - Diagrama da estrutura da pele normal do cão. O círculo azul corresponde ao local correto de uma injecção sucutânea (abaixo da pele ou na região hipodérmica). O círculo vermelho indica aplicação intradérmica, que pode ser identificada por um pequeno nódulo bem definido após a injeção da vacina.

As vacinas da linha Vanguard®, conhecidas por sua elevada eficácia e segurança, também dependem do seguimento á risca das recomendações de bula, com atenção a alguns cuidados básicos de aplicação.

Confira o artigo completo e as referências bibliográficas no link http://bit.ly/CuidadosVacinas

***Atenção: O conteúdo deste site é destinado exclusivamente a médicos-veterinários, profissionais qualificados para avaliar e atestar a saúde de cães e gatos durante o processo de imunização. Se você não é um médico-veterinário, procure as informações com o profissional de sua confiança.