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Teste de sensibilidade aos Anticoccidianos: vale a pena fazer?

A coccidiose aviária, enfermidade causada por protozoários do gênero Eimeria, é uma das doenças mais comuns da avicultura e, certamente, uma das que mais provoca prejuízos financeiros ao setor. A enterite resultante da colonização das células intestinais pelos oocistos, leva as aves a um quadro clínico de desidratação, apatia e diarreia, prejudicando o desempenho zootécnico dos lotes.

A prevenção da coccidiose baseia-se no uso de anticoccidianos adicionados às rações das aves, porém não é incomum observar falhas na efetividade dessas drogas a campo devido à resistência dos coccídeos. Portanto, a rotação das moléculas disponíveis no mercado deve ser uma prática rotineira para que tenhamos programas assertivos de combate a esses parasitas. A maior parte dessas moléculas foram lançadas no mercado há mais de 40 anos e inúmeras avaliações de resistência ou perda de sensibilidade foram relatadas ao longo do tempo, comprovando esse cenário.

Mas de quais ferramentas dispomos para avaliar essa resistência? Fazendo um paralelo com outros microrganismos (bactérias e fungos, por exemplo) é comum o uso de um exame laboratorial chamado Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos (TSA), o conhecido antibiograma, para determinar o perfil de sensibilidade e resistência dos parasitas aos antibióticos. Pensando no gênero Eimeria, o que detemos de mais relevante neste sentido é o AST (Anticoccidial Sensitivity Test) ou Teste de Sensibilidade aos Anticoccidianos. Para entender a importância dessa ferramenta, vamos explicar como o teste é realizado.

É importante ressaltar que o AST não pode ser realizado in vitro, ou seja, fora do habitat do parasita, porque os ocistos de Eimeria não completam seus estágios do ciclo de vida fora do hospedeiro, além disso, diversos anticoccidianos agem em diferentes estágios desse ciclo. Por consequência, o AST deve ser realizado in vivo o que o torna mais operoso, demorado e caro em comparação aos testes in vitro.

Primeiramente, a escolha das unidades deve ser baseada no histórico de desafio por coccidiose nos lotes anteriores e no momento da coleta das amostras, as aves devem estar entre 21 e 35 dias de idade. As amostras consistem em fezes frescas, livres de conteúdo cecal e de cama de aviário, em diversos pontos dos galpões de cada unidade. Após a coleta, as fezes precisam ser imediatamente acondicionadas em solução de dicromato de potássio (K2Cr2O7), composto essencial para a conservação dos oocistos. As amostras devem ser acondicionadas em temperatura ambiente e enviadas para o laboratório responsável pela análise em até 3 dias pós coleta.

Os oocistos presentes nas amostras de fezes são purificados e identificados para determinação da espécie mais prevalente. Esse processo visa a separar uma única espécie alvo para o teste in vivo, já que infecções concomitantes são bastante comuns. Um diferencial na metodologia dos AST realizados no Brasil e dirigidos pela Zoetis, é a grande quantidade de fezes coletadas por experimento, tornando possível purificar e esporular os oocistos sem a necessidade de propagação em aves specific-pathogen free (SPF), possibilitando o resultado mais fidedigno possível ao desafio de campo. Antes de cada AST, é realizado um pré-teste com várias dosagens de oocistos para a determinação da dose infectante do inóculo a ser utilizado no teste. Aquele que acarrete redução do ganho de peso, mínima mortalidade, além de uma presença de pelo menos 80% das aves com escore de lesão ≥ 2 na mucosa intestinal, é eleito como dose infectante para o AST.

O desenho experimental é feito da seguinte forma: 240 frangos de corte, de um dia de idade, são alojados em gaiolas suspensas e livres de Eimeria e recebem ração e água ad libitum durante todo o período experimental, seguindo todos os princípios de ética e bem-estar animal submetidos e aprovados previamente por comitês específicos. São 10 tratamentos de 4 repetições de 6 aves, dos quais 1 controle negativo (T1) e 1 controle positivo (T2) não recebem rações medicadas durante todo o experimento, e 8 tratamentos (T3 a T10) recebem uma ração inicial padrão (não medicada) até os 12 dias de idade e depois uma ração medicada até os 20 dias. As drogas utilizadas nos T3 a T10 são escolhidas com base no que o mercado mais tem utilizado hoje em dia como ferramenta de prevenção e incluem tanto produtos da classe dos sintéticos quanto ionóforos em dosagens prudentes e seguindo recomendações de bula.

As aves do tratamento 1 (controle negativo),  aos 14 dias de idade, recebem 1 mL de placebo (água destilada) por gavagem. As aves dos demais tratamentos (2 ao 10), recebem 1 mL de solução de oocistos de Eimeria. Aos 21 dias, as aves são necropsiadas e diversos parâmetros como ganho de peso, conversão alimentar e escores de lesões intestinais são analisados estatisticamente.

A figura abaixo resume o passo a passo de todo o procedimento:

Mesmo com alguns fatores limitantes, o AST tem se mostrado uma excelente ferramenta, sendo bastante utilizado nos EUA e em países da Europa, com uma grande quantidade de trabalhos publicados disponíveis para consulta. No Brasil, a Zoetis tem sido uma grande incentivadora de métodos científicos, nos quais o AST se encaixa, em favor da entrega de soluções a seus clientes. Portanto, para uma empresa que faz uso de anticoccidianos em sua rotina de produção, é essencial conhecer o nível de sensibilidade das diversas drogas, para que possa tomar melhores decisões no manejo de rotação, preservando assim a eficácia dessas moléculas, que trarão, consequentemente, melhores resultados produtivos.

Confira os testes de sensibilidade publicados pela equipe técnica da Zoetis

AST 1

https://www.zoetis.com.br/especies/aves/assets/teste-de-sensibilidade-aos-anticoccidianos-em-isolados-de-eimeria-acervulina-em-uma-empresa-de-mg.pdf

AST 2

https://www.zoetis.com.br/especies/aves/assets/teste-de-sensiblidade-aos-anticoccidianos-para-eimeria-maxima-de-granjas-no-estado-de-minas-gerais.pdf

AST 3

https://www.zoetis.com.br/_locale-assets/arquivos/aves/materiais-tecnicos/teste-de-sensibilidade-a-anticoccidianos-para-eimeria-maxima-em-granjas-do-estado-de-sao-paulo.pdf

AST 4

https://www.zoetis.com.br/_locale-assets/arquivos/aves/materiais-tecnicos/avatec_-rotecc_-cygro_-teste-de-sensibilidade-a-anticoccidianos-para-e-acervulina-em-granjas-no-estado-do-parana.pdf

Conheça nossas soluções de prevenção da coccidiose

https://www.zoetis.com.br/pesquisa-de-produtos/produtos/avatec-20.aspx

https://www.zoetis.com.br/pesquisa-de-produtos/produtos/deccox-6.aspx

 

Autor:

Antônio NetoM.V Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Antonio Neto

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