Biosseguridade, Food Safety, Frangos de Corte, Outras doenças, Postura Comercial, SAÚDE RESPIRATÓRIA

Um breve histórico do surgimento e disseminação do Metapneumovírus pelos plantéis avícolas do mundo

A Metapneumovirose é uma enfermidade de ocorrência relativamente recente no Brasil. Os primeiros casos descritos foram nos anos 90, mas essa enfermidade vem adquirindo importância crescente na indústria avícola nacional pelos prejuízos que acarreta quando acomete frangos de corte, perus, postura comercial e reprodutoras pesadas.

Entre os patógenos respiratórios, o Metapneumovírus aviário (AMPV) é um dos mais relevantes, devido à sua ampla disseminação entre os hospedeiros suscetíveis e potencial de variabilidade genética e antigênica.

Também é conhecida por outras denominações como:

  • Metapnemovírus Aviário (mPVA)
  • Rinotraqueíte dos Perus (TRT)
  • Rinotraqueíte Aviária (ART)
  • Síndrome da Cabeça Inchada (SHS)

A primeira descrição da doença foi em perus na África do Sul em 1978 (Buys, SB e der Prees), ainda nesse país, em 1984, Morley e Thomson relataram um surto de doença respiratória em galinhas comerciais e esse quadro foi chamado pelos autores de SHS (Swollen Head Syndrome).

Nessa época, ainda não se conhecia o agente causador da enfermidade e a doença era creditada à Escherichia coli e a um Coronavírus de sorotipo ainda desconhecido agravado por problemas de má ventilação e poeira ambiental.

Ocorrências simultâneas na Inglaterra e na França da doença respiratória em perus e o aparecimento de SHS em reprodutoras e frangos alojados em regiões próximas levaram a supor que possuíam a mesma origem.

Finalmente, em 1987, fica comprovada a relação entre a Rinotraqueíte dos perus com o SHS das galinhas, Picault et al. isolaram um vírus de galinhas que adoeceram com SHS e um homogeneizado de tecido do trato respiratório foi inoculado em pintos e perus SPF e esses demonstraram sinais clínicos características de Metapneumovirose.

Características virais

É um vírus envelopado com RNA de fita simples pertencente à família Paramixoviridae, subfamília Pneumovirinae, gênero Metapneumovírus, é pleomórfico de forma esférica (diâmetros variam de 100 – 200 nm) podendo apresentar longos filamentos, envelopado e nucleocapsídeo helicoidal.

Recentemente foi identicado um vírus isolado em perus nos EUA de características diferentes dos subtipos A e B e que vem sendo chamado de subtipo C (cepa Colorado), bem como na França há relatos de um isolamento em patos de um subtipo diferente do A, B e C, sendo chamado de subtipo D. 

A origem do Metapneumovírus é desconhecida, mas, suspeita-se de aves silvestres, sendo os perus e as galinhas os hospedeiros naturais para os sorotipos A e B e não existem evidências da presença do vírus em outras espécies animais. O Metapneumovírus infecta principalmente perus, matrizes, frangos de corte e poedeiras, sendo capaz de infectar tais espécies em diversas idades.

A transmissão ocorre de forma horizontal por aerossol, através do contato entre aves doentes e aves sadias, movimentação de aves contaminadas, água contaminada, equipamentos, caminhões de ração. Até hoje não há evidências de contaminação vertical da doença.

Após a infecção das aves, o vírus é excretado por via aérea, porém, normalmente não é eliminado pelas fezes. O vírus pode disseminar-se rapidamente no lote pela sua forma mais importante, que é a via aerossol e as condições de criação, o manejo, as condições de ambiência e a poeira podem influir fortemente na disseminação e na gravidade dos sintomas em aves criadas sobre cama (24 horas), enquanto em aves em gaiola a transmissão é relativamente mais lenta  (1 a 2 semanas).

O vírus entra no organismo pelo trato respiratório, afetando as células ciliadas que revestem as mucosas dos condutos nasais, laringe e traqueia e sua replicação implicará na perda do movimento ciliar, o que posteriormente vai caracterizar os sintomas respiratórios e facilitará a contaminação por agentes secundários. Sua persistência neste local ocorre por volta de 10 dias após a infecção, podendo persistir por mais tempo e penetrar mais profundamente os tecidos caso ocorra uma contaminação secundária com bactérias patogênicas respiratórias. O vírus se replica no epitélio ciliado do trato reprodutivo (oviduto) através de corrente circulatória após a replicação primária no trato respiratório, podendo ocasionar um bloqueio de algumas funções do oviduto e ovário destas aves.

Esses danos trazem muitos prejuízos para a avicultura, embora algumas vezes esse agente seja negligenciado ou tratado com a devida importância que tem.

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Autor:

Gleidson SallesM.V. MSc Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Gleidson Salles

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