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Existem diferenças entre as estirpes da Bronquite Infecciosa?

O início dos anos 90 foi crucial para a revolução nos diagnósticos de IBV (Infectious Bronchitis Virus) com o desenvolvimento do diagnóstico molecular. Através dessa técnica, passou a ser possível diferenciar vírus de IBV em todo o mundo. As técnicas moleculares de diagnósticos continuam fornecendo dados muito relevantes para entendermos os patógenos de forma mais específica.

De maneira geral, os vírus contêm DNA ou RNA em seu material genético. Porém os vírus de DNA são relativamente mais estáveis que os de RNA, que estão constantemente passando por mudanças genéticas devido a seu mecanismo de replicação. O genoma do IBV é constituído por uma fita simples e muito longa de RNA e sua taxa de alteração é extremamente alta. Assim como Darwin já citava, o vírus segue uma evolução constante e um tanto facilitada por sua composição genética.

Existem dois mecanismos envolvidos na mudança genética do IBV. O primeiro é a geração de mutações que se acumulam com o tempo, resultando em diferenciação genética. Isso ocorre porque a enzima polimerase comete “erros” ao replicar o genoma do RNA viral para criar uma nova partícula. Como esses erros são cometidos em alta velocidade e a capacidade de voltar e corrigi-los é limitada, o resultado é a rápida evolução do vírus. Quando os erros introduzidos no genoma fornecem uma vantagem seletiva para o vírus, essa “variante genética” torna-se o novo vírus emergente que pode causar doenças nas aves.

Essa evolução viral, que acontece há muitos anos de forma constante no IBV, está documentada em trabalhos. Em 1998, por exemplo, o vírus DE/DE072/92 evoluiu para o vírus do tipo GA98 /047098.

O segundo mecanismo que gera mudanças no genoma do IBV é chamado de recombinação, que pode ocorrer quando dois tipos de IBV infectam a mesma célula. Durante a replicação do vírus, a enzima polimerase começa a copiar o genoma de um vírus e depois muda para o outro, criando uma mutação gênica que contém porções dos genomas dos dois vírus de origem. Esse processo resulta em uma mudança relativamente rápida na composição do genoma viral. Embora a mudança genética possa resultar em mudanças rápidas e significativas, muitas vezes elas são incompatíveis, por exemplo, quando dois vírus vacinais se recombinam.

Logo, a recombinação viral somente ocorre de fato, quando genes específicos envolvidos na patogenicidade e/ou imunogenicidade de um novo vírus pode emergir para causar doença. Esse evento é relativamente raro.

Abaixo, é possível verificar a dendrograma construído a partir da análise filogenética feita com base na sequência parcial de nucleotídeos do gene S1 do VBI.

Fonte: Resende et al. 2016

Sorotipo, Genotipo, Prototipo e Variante?

Quando o tipo de IBV é definido usando anticorpos neutralizantes de laboratório, é referido como um Sorotipo, e é geralmente aceito que os vírus dentro do mesmo Sorotipo terão proteção cruzada em aves. Quando o tipo de IBV é definido pela sequência do genoma viral, é classificado como Genotipo. Quando aves imunizadas com um tipo de IBV são protegidas contra outro tipo de IBV usando vírus como desafio, eles são chamados de Prototipos porque a proteção cruzada é realmente medida em aves.

Um IBV variante é um vírus que mudou a ponto de ser identificado como diferente de outros tipos conhecidos de IBV. Esse vírus variante pode ser uma variante de um sorotipo ou uma variante genética, e o termo quer dizer que pouca ou nenhuma proteção cruzada ocorre com outros tipos de IBV conhecidos.

As mudanças genéticas alteram a expressão da proteína S1

Mudanças no gene que codifica a glicoproteína da espícula podem resultar em diferentes aminoácidos, constituindo áreas específicas onde os anticorpos neutralizantes se ligam ao pico (por exemplo, um vírus variante); o resultado é um novo vírus que pode infectar e causar doenças. Assim, as alterações na glicoproteína do pico são significativas ao avaliar a proteção cruzada, e é por isso que a sequência da glicoproteína do pico é usada para tipificar geneticamente isolados de IBV. Há uma boa correlação entre sequências de pico intimamente relacionadas e proteção cruzada.

Abaixo é possível ver na ilustração as espículas da coroa do vírus.

   

 O IBV está em constante evolução darwiniana à medida que se replica na ave, resultando no surgimento de novos tipos do vírus. Mudanças na glicoproteína de cora são importantes, com a regra geral de que quanto mais próximos dois vírus estiverem relacionados na sequência da glicoproteína do pico, maior será a probabilidade de proteção cruzada.

Finalmente, alguns tipos de vacina contra o IBV são particularmente bons na indução de anticorpos que irão reagir de forma cruzada com tipos de vírus mais distantes, fornecendo uma ampla gama de proteção, mas cada caso é diferente e deve ser testado experimentalmente em galinhas.

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Autor:

Gleidson SallesM.V. MSc Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Gleidson Salles

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