Uma síntese do adenovírus em aves: uma doença emergente na avicultura brasileira?

Aviadenovirus

De modo geral, as infecções por Aviadenovirus têm pouca expressão clínica, que pode depender de fatores associados, especialmente imunossupressores, como o vírus da anemia das galinhas, vírus da doença infecciosa bursal e vírus da doença de Marek, entre outros. Os Aviadenovirus têm importância econômica de difícil mensuração, reduzindo a produtividade e agravando a patogenia de outros agentes, infecciosos ou não, e tornam-se relevantes, pela alta disseminação.

Os AVIADENOVIRUS de Galinhas (FAdV) são separados em 5 espécies (FAdV-A, FAdV-B, FAdV-C, FAdV-D e FAdV-E), com vários genótipos e 12 sorotipos. As infecções por Aviadenovirus são comuns em aves comerciais e características dos sistemas de criação intensificada, principalmente em baixa biosseguridade (múltiplas idades e procedências), que favorece a disseminação. Um crescente número de espécies tem sido também descrito em aves silvestres.

Doenças causadas por Aviadenovirus de Galinhas - FAdV

Hepatite por corpúsculo de inclusão

A doença é causada por qualquer Aviadenovirus, entretanto, há dificuldade de se estabelecer a relação de causa e efeito da infecção, tornando-se difícil sua reprodução experimental. Embora, quaisquer das cinco espécies (A a E) de Aviadenovirus de galinhas possam ser detectadas nos casos naturais da doença, há diferenças entre as estirpes em sua habilidade de causar patologia. A transmissão do FAdV se dá verticalmente por via transovariana, ou pelo sêmen do macho infectado e, horizontalmente, por ingestão, principalmente fecal-oral, ou inalação. Os folículos ovarianos da galinha infectada acumulam carga viral durante a maturação folicular, no ovário, até a ovulação do folículo para o infundíbulo. O óvulo pode também ser infectado no infundíbulo, pelo sêmen. A transmissão vertical é maior durante o pico de postura. A infecção por adenovírus pode ser latente (transmissão vertical) e, mesmo com a monitoração permanente de plantéis saudáveis, pode-se obter resultados laboratoriais falso-negativos para isolamento. Na progênie infectada de aves de corte, a expressão máxima de vírus pode ocorrer entre 3 e 6 semanas de vida e em poedeiras entre 5 e 9 semanas. Criações industriais com falhas em biosseguridade (multiplicidade de idades e procedências, misturas de trabalhadores e equipamentos entre lotes) permitem a difusão horizontal dos vírus, que podem ser infectados por diversos Aviadenovirus e podem apresentar maiores consequências da doença.

Síndrome da hepatite hidropericárdio

Ocorre em frangos de corte de 3 a 6 semanas de idade, com alta mortalidade (20 a 70%), caracterizada por hepatite por corpúsculo de inclusão e hidropericárdio. Apesar de envolvimento consistente de FAdV-4 e FAdV-8, para alguns autores a doença é multifatorial, comumente associada a um vírus imunossupressor (CAV, IBDV, etc). O pico de ocorrência situa-se entre 4 e 5 semanas de idade. Ocorre transmissão horizontal e falhas de biosseguridade têm papel importante.

Pancreatite necrótica e erosão de moela

Quadros de pancreatite necrótica e erosão de moela foram descritos em frangos (inclusões intranucleares ricas em antígenos de adenovírus, no pâncreas exócrino e moela, mas não nos hepatócitos). Pancreatite por adenovírus foi também descrita em galinhas-d'angola.

Proventriculite

A proventriculite viral infecciosa foi reproduzida experimentalmente em galinhas SPF inoculadas com macerados de proventrículos de frangos de corte com a doença, nos quais foram detectadas partículas semelhantes ao adenovírus.

A diversidade desse agente classificado em 05 espécies com diferentes genótipos e sorogrupos dá relevância ao diagnóstico molecular no sentido de ampliar o entendimento e mapeamento da presença do diversos tipos de adenovírus nos plantéis de aves industriais brasileiras.

Autor:

André Fonseca– Diretor executivo da SIMBIOS biotecnologia.