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Os mecanismos imunes envolvidos na resposta de uma vacina para prevenção de Metapneumovírus Aviário

A imunidade pode ser considerada uma ciência à parte em virtude da sua complexidade e importância. Tanto a imunidade inata, como a imunidade adaptativa são necessárias para gerar uma resposta protetora consistente, forte e duradoura, assim, as vacinas assumem um papel estratégico nesse contexto.

Todas as aves a todo instante precisam detectar e eliminar invasores, sejam agentes bacterianos ou virais, o mais rápido possível. Essa árdua tarefa é destinada ao sistema imune inato, que através de diferentes mecanismos de defesa, que evoluíram ao longo do tempo e estão aptos a destruir muitos agentes maléficos em instantes, minimizam os efeitos colaterais nas aves.

As respostas imunes inatas são ativadas quando as células utilizam seus receptores de reconhecimento de padrões para detectar algum tipo de anormalidade causada por invasores ou danos teciduais. As células de defesas inatas podem detectar a presença de vírus ou bactérias através das suas características moleculares conservadas, estes são chamados de padrões moleculares associados aos patógenos (PAMP’s).

O sistema imunológico pode identificar danos nos tecidos, detectando as moléculas intracelulares características que foram liberadas de células danificadas, essas moléculas são chamadas de padrão moleculares associados a dados (DAMP’s). O sistema imune das aves emprega células sentinelas cujo trabalho é detectar PAMP’s e DAMP’s e uma vez ativadas emitem sinais que irão recrutar o exército de células imunológicas. Além disso, são ativados outros mecanismos como o sistema complemento, citocinas,  interleucinas, que tem por finalidade promover a morte dos invasores de forma direta ou indireta. Um outro mecanismo conhecido do sistema imunológico é a imunidade adaptativa. Nesse caso, temos a ligação de antígenos a receptores específicos de células B, no caso das células T a exibição ocorre através dos apresentadores de antígenos, os MHC’s e desencadeiam fortes respostas defensivas acionadas num segundo momento. As respostas adaptativas são a base do sucesso da vacinação na avicultura.

Existem uma tendência clara no meio científico em classificar essas respostas imunes adaptativas em dois tipos: o tipo 1 mediado por células auxiliares (Th1). As respostas do tipo 1 são responsáveis pela imunidade a vírus, bactérias, protozoários e fungos. Elas geram poucos anticorpos, fortes respostas de células T citotóxicas e ativam macrófagos. A imunidade do tipo 2 ou B, em contraste, é mediada pelas células auxiliares do tipo (Th2). Essas células promovem a formação de anticorpos. Os anticorpos gerados pelas respostas do tipo 2 são responsáveis pela destruição de antígenos extracelulares. Esses dois mecanismos atuam de formas diferentes, porém, complementares. Desse modo, os anticorpos atuam em antígenos extracelulares e as células T são responsáveis pelo controle e morte de antígenos intracelulares, eliminando as células infectadas ou liberando citocinas que inibem o crescimento do antígeno.

A utilização de vacinas para controlar patógenos deve levar em consideração essa importante divisão entre anticorpos e células T. As características do agente infeccioso irão determinar qual tipo de vacina é mais apropriado para ser usada.

As respostas imunes adaptativas podem ser classificadas em 4 etapas principais:

  1. Captura e processamento do antígeno;
  2. Ativação das células T auxiliares;
  3. Anticorpos e/ou respostas mediadas por células T citotóxicas que eliminam o invasor;
  4. Geração e sobrevivência de grandes populações de células de memória;

Na figura acima, pode-se visualizar os cursos característicos das respostas imune inata (linha azul) e adaptativa (linha rosa). A utilização repetida de uma vacina (antígeno) resulta em aumento maciço da imunidade adaptativa. Como consequência, a intensidade da resposta imune inata é reduzida.  A vacinação explora esses processos para induzir imunidade forte e prolongada através das células de memória. Já o sistema imune inato carece de células de memória e, como resultado, cada nova infecção tende a ser tratada de forma idêntica.

Tratando-se de Metapneumovírus, após a infecção as aves desenvolvem anticorpos que poderão ser detectados e medidos através de ELISA, SN e Imunofluorescência Indireta. Tais anticorpos podem ser identificados normalmente após 5 a 10 dias do aparecimento dos sinais clínicos.

Anticorpos circulantes podem ser encontrados no soro de aves com ou sem sinais clínicos da doença, sendo que não existe correlação entre a presença de anticorpos e a doença clínica, mas sim com a infecção. A exposição do trato respiratório ao Metapneumovírus resulta na produção de anticorpos locais, sendo que a glândula de Harder é um dos principais locais de apresentação do antígeno para os anticorpos. As imunoglobulinas como IgM e IgY também estão presentes sendo responsáveis pela neutralização do agente. A ativação do sistema imune local e a produção de anticorpos circulantes são importantes mecanismos para a proteção após o desafio viral, mas a imunidade celular apresenta uma importância maior na defesa contra o Metapneumovírus.

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Autor:

Gleidson SallesM.V. MSc Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Gleidson Salles

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