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A multirresistência de cepas patogênicas de Escherichia coli.

A produção avícola moderna adota práticas cada vez mais intensivas o que facilita o surgimento e disseminação de doenças infecciosas. A colibacilose, doença localizada ou sistêmica causada pela bactéria Escherichia coli, e frequentemente relatada nas principais regiões produtoras de aves do mundo, é um exemplo de enfermidade que se aproveita deste quadro. Estas bactérias adquiriram ao longo de sua existência, mecanismos de resistência bacteriana que podem ser tanto intrínsecos quanto adquiridos, sendo estes oriundos de mutações e processos de recombinação genética.

A multirresistência das E. coli  patogênicas para aves (APEC - Avian Pathogenic Escherichia coli) não se restringe somente aos antimicrobianos, estas bactérias têm a capacidade de sobreviver durante longos períodos no ambiente em estruturas dinâmicas chamadas de biofilmes (figura 1). O biofilme consiste basicamente em uma colônia bacteriana envolta em uma matriz rica em substâncias poliméricas extracelulares (EPS) que protege estes microrganismos de condições ambientais adversas e estão relacionados com a persistência bacteriana e a resistência aos métodos de controle, como desinfetantes.

Figura 1: Produção de biofilme:

Fonte: phys.org

A formação de biofilmes é dependente de um sistema chamado quorum sensing, o qual permite a coordenação do comportamento bacteriano em relação ao meio ambiente regulando a expressão de genes especializados. Este mecanismo de comunicação entre estes microrganismos se dá por meio da produção e difusão de pequenas moléculas químicas ou sinalizadoras, através das membranas bacterianas. A mudança de comportamento citado ocorre basicamente em resposta à densidade populacional, ou seja, as bactérias têm a percepção de migrar e se aglomerar em ambientes mais propícios, com maior oferta de nutrientes e menos intempéries. Como exemplo, elas passam a expressar geneticamente nestes locais, fatores de virulência codificados por genes de patogenicidade, sendo a produção de biofilmes um deles. Portanto, este comportamento coletivo é surpreendentemente vantajoso para as bactérias e é uma estratégia de sobrevivência extremamente difícil de combater por parte não só da indústria avícola, mas também de toda a medicina animal e humana.

A persistência bacteriana ou bactérias persistentes, é outra característica destes microrganismos que tem preocupado muito os pesquisadores. Basicamente, estas bactérias reduzem o seu metabolismo a níveis baixíssimos, entrando em um estado de dormência. Dessa forma, os efeitos de antimicrobianos, tanto in vivo quanto em testes in vitro, levam muitas vezes a crer que o tratamento foi efetivo, quando na verdade a bactéria está adormecida esperando a oportunidade de causar uma nova infecção. Diversos experimentos mostram que as Salmonella spp. persistentes, por exemplo, são muito eficientes em compartilhar seus genes de resistência com cepas de Escherichia coli.

Figura 2: Mecanismo de persistência bacteriana:

Fonte: Adaptado de AIMS Microbiology.

Estudos têm demonstrado um outro tipo de comportamento bacteriano chamado de heteroresistência, onde uma população destes microrganismos, aparentemente homogênea, apresenta diferentes níveis de suscetibilidade a um antimicrobiano. Em resumo, existe uma subpopulação de bactérias resistentes a dosagens altas de antibióticos dentro de uma população considerada sensível aos testes in vitro (antibiograma). Logo, com os resultados dos testes em mãos, acredita-se que a droga e dosagem escolhidas surtirão efeito, quando na verdade pode haver um fracasso no tratamento, onde as bactérias resistentes permaneceriam viáveis e causando danos ao hospedeiro.

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Autor:

Antônio NetoM.V Serviços Técnicos  | Zoetis – Aves

Antonio Neto

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