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O LPS presente nas vacinas vivas é um importante antígeno na estimulação da imunidade contra as Salmoneloses.

O LPS das Salmonelas possuem várias propriedades biológicas importantes, sendo que quando injetado em animais, elas provocam indisposição, letargia e alterações de temperatura bem como vários outros efeitos desagradáveis que podem contribuir para o processo patológico. A maioria destas atividades estão associadas com as porções polissacarídicas-lipídicas do complexo. Por exemplo as propriedades tóxicas estão relacionadas ao componente lipídico conhecido como lipídio A. Entretanto, o componente polissacarídico é o responsável pela antigenicidade caracaterística de antígenos O. Ele é constituído por um oligossacarídeo ligado ao lipídico A (que por sua vez é parte da membrana plasmática e do lado externo deste complexo é encontrada uma série de trissacarídeos repetitivos (ver figura). A composição exata destes trissacarídeos no LPS determina a antigenicidade superficial da bactéria e muitos organismos são classificados de acordo com esta estrutura antigênica. Assim, o antígeno O é um trissacarídeo onde o açúcar terminal confere a antigenicidade específica e dependendo da composição exerce o papel chamado de imunodominante. Vacinas compostas por sorovares que compartilham o mesmo antígeno imunodominante possuem elevada taxa de imunidade cruzada.

Vacinas compostas por sorovares que compartilham o mesmo antígeno imunodominante possuem elevada taxa de imunidade cruzada

Fonte: http://textbookofbacteriology.net/endotoxin.html

As Salmonelas podem ser encontradas em duas formas: uma delas é virulenta e conhecida como forma “lisa” devido a aparência macroscópica das suas colônias quando observada nos meios de cultura. A outra é conhecida como forma “rugosa”, pois as colônias cultivadas em ágar possuem uma superfície emaranhada ao invés de brilhante e os organismos aglutinam espontaneamente quando suspensos em solução fisiológica. Estas variedades rugosas não apresentam trissacarídeos externos nem parte dos oligossacarídeos. Estas variedades rugosas tendem a ser organismos não virulentos, e portanto, várias estirpes rugosas tem sido empregadas como vacinas.

Dessa forma, dentro da ampla resposta imune contra esse gênero de bactérias podemos afirmar que esses polissacarídeos da extremidade do LPS da parede celular das Salmonelas constituem um importante antígeno com propriedade polimérica e epítopos repetidos com capacidade de ativar células B policlonais. Logo, são classificados como antígenos T-independentes e resultam em produção de anticorpos específicos.

Curiosamente, o sistema de grupos sanguíneos A, B, AB e O dos seres humanos também é determinado bioquimicamente por uma estrutura muito parecida com o do LPS da Salmonela. As diferenças entre os epítopos dos grupos sanguíneos O, A e B é de apenas um monossacarídeo terminal no exterior da hemácia, sendo ausente no grupo O, presente com N-acetil Galactosamina no grupo A e com D-galactose no grupo B.

Do ponto de vista prático é importante saber que as vacinas vivas possuem capacidade de realizar imunidade cruzada dependente da similaridade existente entre os sorovares de Salmonella envolvidos. Interessante pensar que os anticorpos produzidos irão ligar especificamente a estes antígenos comuns em uma ligação não-covalente analogamente comparada com uma chave-fechadura. Muitos trabalhos científicos tem demonstrado experimentalmente que as vacinas vivas possuem capacidade de produzir uma proteção abrangente não somente para o sorovar homólogo. Recentemente, foi publicado um resultado de desafio experimental entre a vacina de Salmonella Thyphimurium contra o desafio de campo por Salmonella Heidelberg. Clique aqui e veja o artigo científico.

Dessa forma, as vacinas vivas contra as Salmoneloses são dependentes da suas respectivas composições em termos do LPS e dos demais antígenos estruturais e portanto são consideradas ferramentas bastante eficazes, pois são capazes de produzir uma imunidade abrangente e bastante útil contra os desafios de campo.

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Autor:

M.V. Dr. Eduardo Muniz – Gerente de Serviços Técnicos e Outcomes Research | Zoetis – Aves

Eduardo Muniz

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