Postura Comercial, Salmonella

Quais são os principais desafios para desenvolver vacinas contra doenças bacterianas como a Salmonella?

É muito mais difícil desenvolver vacinas contra agentes bacterianos do que contra agentes virais. Um dos motivos é que as bactérias são muito mais complicadas do que os vírus. Isso não quer dizer que um agente seja mais perigoso ou mais difícil de combater do que o outro, questão que dependerá também das características de virulência de cada agente. O que ocorre de fato é que as bactérias possuem uma estrutura mais complexa, que necessita ser reconhecida pelo sistema imune. A grosso modo, podemos dizer que os vírus e as bactérias são compostos por proteínas e outras moléculas que ficam em sua estrutura externa e que irão estimular uma resposta imune específica. No entanto, a diversidade molecular encontrada em uma partícula viral costuma ser muito menor do que em uma célula bacteriana. Apenas como exemplo, um vírus da caxumba humana possui nove proteínas imunogênicas, ao passo que uma célula de pneumococos é muito maior e contém cerca de duas mil proteínas que estimulam imunidade.

Ao reagir a um agente estranho, o princípio básico do sistema imune é o de RECONHECER e depois ELIMINAR moléculas não próprias a sua composição normal. Dessa forma, o primeiro passo é identificar o que é considerado “self” e “non-self”. Depois desse primeiro contato, o sistema imune fica com uma MEMÓRIA que fará com que, no caso de uma segunda exposição, esse mesmo agente seja mais rápida e eficazmente eliminado. Essa memória específica é o grande benefício da vacinação, pois aumenta a resistência do hospedeiro frente à doença.

A Salmonella, assim como as demais bactérias gram-negativas, é constituída por um citoplasma contendo os elementos essenciais da estrutura celular revestidos por membrana plasmática. A membrana plasmática, por sua vez, é coberta por uma parede celular envolvida por uma cápsula, onde originam-se estruturas proteicas denominadas flagelos. O citoplasma bacteriano contém o material genético na forma de um DNA circular e uma complexa mistura de enzimas e nucleoproteínas (ver figura). Entretanto, como estas estão confinadas ao interior do organismo, são usualmente menos importantes que os antígenos de superfície para estimular uma resposta imune protetora.

Quais são os principais desafios para desenvolver vacinas contra doenças bacterianas como a Salmonella?

Fonte: https://www.pinterest.es/pin/101753272805246750/

Atualmente, existem vacinas vivas contra Salmonella produzidas por engenharia genética, onde todos os antígenos externos estão preservados e a alteração é apenas no metabolismo da bactéria, por conta de deleção em genes específicos. Essas são as denominadas mutantes metabólicas e “imitam” a infecção de campo. As três estruturas principais da superfície da Salmonella, reconhecidas como “non-self” ao hospedeiro, são a parede celular onde encontramos os lipopolissacarídeos (LPS) chamados também de endotoxinas e coletivamente classificados como antígeno O, a cápsula de natureza polissacarídica e proteica denominada antígeno K e os flagelos que consistem de proteínas e portanto são totalmente imunogênicos conhecidos como antígeno H. As reações de soroaglutinação dos antígenos O e H são a base da classificação das Salmonelas em distintos sorovares que hoje passam de 2.500. Essa enorme diversidade encontrada no gênero bacteriano Salmonella é um dos pontos de dificuldade do desenvolvimento de vacinas, pois a imunidade cruzada entre os diferentes sorovares depende fundamentalmente da semelhança entre estes antígenos de superfície. Enquanto maior a semelhança entre os antígenos, principalmente os antígenos imunodominantes O e H, maior será a imunidade cruzada entre eles. Assim, quanto mais ampla e abrangente for a imunidade conferida por esses antígenos, mais aplicável será a vacina viva no sentido de controlar os desafios de campo.

Quais são os principais desafios para desenvolver vacinas contra doenças bacterianas como a Salmonella?

Fonte: Journal of Endotoxin Research, vol 7, no 3, 2001

De todo modo, apesar dos atuais desafios tecnológicos no desenvolvimento dos produtos adequados para o desafio de campo, é inquestionável o relevante papel que as vacinas vem conquistando ano após ano para melhorar os programas de controle contra as Salmoneloses aviárias em animais de produção. As vacinas vivas contra Salmonella imitam a infecção a campo e, portanto, têm a grande vantagem de atuar por meio da ativação de imunidade contra esse importante patógeno da avicultura.

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Autor:

M.V. Dr. Eduardo Muniz – Gerente de Serviços Técnicos e Outcomes Research | Zoetis – Aves

Eduardo Muniz

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